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TEMPORADA 3 - EPISÓDIO 7

Fabiano Souza

Temporada 2 Episódio 7 – Fabiano Souza
PROJETO: Desenhando Produtos

O Fabiano começou a carreira como designer editorial até que se encontrou como designer de produto, passando pela Mirum Agency e EBANX no Brasil e pela Verizon Connect na Irlanda até mudar pra Estocolmo onde ele foi um dos primeiros designers do time de podcasts do Spotify.

Dicas

Livro – Estratégia Boa, Estratégia Ruim 

Livro – Thinking in Bets 

Redes sociais:

LinkedIn – https://www.linkedin.com/in/fabiano-souza/

Twitter – https://twitter.com/iamfabiano

Website – www.fabiano.work

 

Está começando mais um Desenhando Produtos e Construindo Histórias. Eu sou o Josias Oliveira.

Eu sou o Leonardo Salvador.


É hoje que nós iremos conversar com ele, diretamente de Guarapuava para o mundo, para todo o planeta Terra. A gente vai falar com essa pessoa que hoje trabalha em Estocolmo, na Suécia, uma das maiores empresas de tecnologia do mundo, empresa que é referência hoje no mundo, por uma série de coisas. Inclusive, não vou falar o nome, mas é uma estrutura clássica, que já conhece e que a gente já ouviu muito falar, tem muito artigo sobre o tema. E que a gente não vai falar sobre exatamente isso, a gente vai falar sobre uma série de coisas, mas principalmente, sobre o que nós estamos aqui, que é falar sobre histórias, histórias de vida, histórias de seres humanos, histórias de pessoas incríveis que vêm através da palavra do design, conseguem expandir o seu conhecimento e a sua atuação para o mundo. Fabiano Souza, beleza? 

Fabiano – Beleza, gente. Tudo bem?

Seja bem-vindo, Fabiano.

Fabiano – Obrigado, obrigado pelo convite.

Nós queremos ouvir sobre você, a sua história. O tempo é seu.

Fabiano – A minha história? Beleza, vamos lá. Então, eu acho que a minha história começa em 2011, trabalhando como designer editorial, como vocês deram o spoiler, em Guarapuava. Não que o meu sotaque não tenha entregado, mas eu sou de Guarapuava, no Paraná. Lá em 2011 eu comecei a trabalhar como designer editorial, depois de ter trabalhado com vendas, pode ser que não tenha nada a ver com o que eu queria fazer. Eu trabalhei como promotor da Tim, trabalhei como vendedor de anúncio de jornal, até que comecei a chegar na cara e na coragem na editora, mostrei algumas ilustrações que eu fazia na época e aceitei fazer um teste para aquela editora, me perguntaram se eu sabia usar o design, eu falei que eu manjava muito, aí fui para casa, fiz um tutorial porque não tinha ideia do que eles estavam falando, e comecei a trabalhar como designer editorial numa editora católica, fazendo de livro da novena para folder da igreja, tudo o que vocês imaginarem. Trabalhei lá por 2 anos e meio, eu descobri que na verdade eu queria estudar para virar diretor de arte. Na verdade, eu queria fazer design, mas em Guarapuava não tinha curso, então a minha opção era estudar publicidade e propaganda. Foi aí que eu comecei estudando. Eu falei: “Puts, eu estou estudando isso aqui, não tem muito a ver com o meu trabalho de designer do editorial. Então vou procurar um trabalho na área”. Aí eu conheci alguns professores da faculdade, porque eu fazia estágio na faculdade, saía muito com a galera, fazia freela também, e acabei conseguindo um trabalho como diretor de arte numa agência da cidade mesmo, e trabalhei lá por 1 ano e meio. Foi, mais ou menos, quando eu estava me formando. Eu estava com a ideia de me mudar para Curitiba, porque em Guarapuava já não tinha mais para onde ir. E mesmo na agência eu já não tinha certeza se eu queria ser mesmo diretor de arte, porque aí eu estava trabalhando com anúncio, tentando vender coisas que as pessoas não queriam comprar, que era coisa que eu já fazia quando eu era vendedor, lá no começo, quando eu tinha começado a trabalhar, eu não estava curtindo, eu gostava muito de me envolver em projetos mais de web da agência, então eu fazia alguns sites, fazia campanha digital, e do pouco que eu fazia eu gostava muito. Quando eu comecei a procurar emprego em Curitiba, quando eu estava quase me formando, eu manei para várias agências, era muito difícil conseguir um trabalho como diretor de arte, tendo um portfólio com marcas pequenas ou projetos pequenos. Aí foi muito na sorte, eu acho, naquela época eles procuravam emprego pelo Facebook, você achava a página das empresas e mandava uma mensagem, olhava no feed se tinha alguma vaga aberta. Aí eu achei essa empresa que se chamava Snowman Labs, que na verdade, era tipo um estúdio que fazia Apps para startups. Então, eles pegavam vários projetos, eles tinham uma parceria com o Sebrae, que fazia a aceleração de alguns projetos, eles pegavam projetos digitais com o Sebrae e desenvolvia. Eu entrei em contato, na verdade, porque eu tinha notado que o logo deles era uma ilustração, eu pensei: “Puts, eu tenho curso também, então talvez, tenha alguma coisa aqui para mim”, aí mandei mensagem para eles. Eles responderam dizendo que estavam procurando um designer sim, e que queriam fazer um trial comigo de 3 meses. Aí eu trabalhei remoto com eles por 3 meses, depois de 3 meses eles estavam curtindo o meu trabalho e falaram: “Tem uma vaga aqui para você. Se você quiser se mudar para Curitiba, a gente vai continuar aqui com você”. Eu fui, e só voltei para me formar. Em Curitiba trabalhando para eles, eu fiquei muito em contato com produto, foi o meu primeiro contato mesmo com produto digital, eu estava descobrindo o UX na época, que era uma coisa meio nova. Parece muitos e muitos anos atrás, isso era em 2014, nem faz tanto tempo assim, mas UX ainda era uma coisa nova, os artigos eram a maioria em inglês, então era mais uma coisa ali que eu estava exercitando. Tive muito contato com esses empreendedores, que eu estava em startup, então é muito contato com a galera que era dona desses produtos, e era uma coisa muito rápida, tinha que lidar com vários projetos ao mesmo tempo, eu fui o primeiro designer do time. À medida que eu foi crescendo o time daquele estúdio, a gente foi trazendo designers para o time e eu tive que ensinar essas pessoas ou mentorar, e eu fui aprendendo também, porque quando você começa a ensinar você aprende mais do que ensina. Depois de 1 ano e meio trabalhando lá, mais ou menos, 1 ano e meio, tive a oportunidade de entrar para a Mirum. Eles estavam procurando um UX ou UI designer. Eu fiz a entrevista, eles perguntaram qual caminho eu queria seguir e eu falei: “Eu quero fazer UI, porque UX não é para mim”. Naquela época ainda era muito separado, UX fazia o frame e o UI pintava os frames. Então era, mais ou menos, assim. Aí eu comecei a trabalhar para a agência, eu tive a oportunidade de trabalhar com clientes grandes, porque a Mirum era o braço digital da JWT, e ainda é. Eu tive a oportunidade de trabalhar com projetos grandes, mas era aquela coisa, você pegava o frame, você aplicava ali a direção de arte, mais ou menos, o que eu fazia nos tempos de agência e eu não tinha mais contato com desenvolvedores, não tinha contato com pessoas de produto, aí que eu tive a oportunidade de trabalhar com o produto dentro da agência, que era uma plataforma para trocar mensagens entre as pessoas que trabalhavam em todas as agências do grupo JWT. Trabalhando com esse produto eu pensei: “Puts, é isso mesmo que eu quero fazer e vou investir nisso”. Nessa época também eu acabei descobrindo anúncios de vagas para a Booking em Amsterdã, eu falei: “Puts, quero muito me preparar para isso e vou atrás”. Eu tinha aplicado para a Booking nessa época, com certeza, eu não tinha chances, porque eu não tinha o contato com o produto que eu precisava, mas tentei mesmo assim, eu levei um “não”. Foi mais um motivo para eu continuar desenvolvendo e trabalhando com produto. Eu entrei no EBANX, uma fintech de Curitiba e lá eu cuidei de um produto só, eu tive a oportunidade de trabalhar mais perto das pessoas que faziam customer service, que trazia muito dos insights dos usuários, que podiam informar o que a gente fazia com o produto. A gente não tinha research, porque não era uma coisa muito comum ainda para eles, então eu meio que fazia de tudo e trabalhava bem perto do product manager, dos desenvolvedores, e aprendi muito naquela época. Eu pensei que eu ia passar um tempo ainda me preparando para poder aplicar para a Booking, mas aí foi que aconteceu que entraram em contato comigo pelo LinkedIn, para fazer uma entrevista para a Verizon Connect, em Dublin. Eu entrei no processo, só para treinar, com a cabeça ainda na Booking, acabei recebendo uma oferta e fui. Eu fui com o meu namorado na época, que hoje é meu marido, fui com o meu cachorro, e foi a minha primeira vez fora do Brasil. Eu até tinha comprado uma passagem para passar um tempo na Europa, fazer uma eurotrip, nem deu tempo, foi dessa viagem que eu acabei conhecendo e nos mudamos de vez. Aí mudei para Dublin, o setup era bem parecido com o que eu fazia na EBANX, só que o negócio era bem diferente, porque o business na Verizon Connect é basicamente criar produtos para rastreamento de frotas, aí tem várias features para controlar a velocidade, para você ver como os motoristas estão performando, como que está a segurança, como que está o desempenho dos veículos. O projeto que eu trabalhei era uma câmera que podia identificar quando tinha a direção perigosa e enviar alertas para quem monitorava a frota. Esse foi o projeto que eu trabalhei lá, mas não me identifiquei com a cultura da empresa, aconteciam algumas coisas que eu não concordava. Foi aí que eu decidi junto com o meu marido, eu falei: “Ah, vamos procurar uma outra oportunidade, a gente já está aqui, talvez fique mais fácil agora”, e aí eu voltei com aquele sonho que eu tinha de me mudar para Amsterdã, porque a Booking tinha plantado em mim, eu apliquei para várias vagas em Amsterdã, apliquei para Uber… eu não vou lembrar quais empresas.

Tem algum método que você usa para aplicação? Se tinha algum critério para se aplicar em uma vaga ou você simplesmente ia lá e ficava se aplicando? Porque eu, quando eu fui aplicar e fazer uma transição, eu desenvolvi meio que um kanban, que eu colocava as empresas. Tipo, a empresa que eu queria muito trabalhar, as empresas que eu disse: “Tá, vou me aplicar, mas eu nem sei se eu passar eu quero ir”, sendo bem honesto. Eu apliquei em várias, porque as empresas também fazem, a gente sabe que do outro lado também faz isso. Você está lá um candidato num pipe, se você tem um método seu que você desenvolveu?

Fabiano – Sim, essa é uma pergunta bem interessante, porque eu tinha uma planilha do Excel, que eu fui marcando as empresas que eu aplicava, colocava quanto tempo levava, quais me davam a resposta e tudo mais. Para eu achar essas empresas, eu acho que eu fui muito pelo LinkedIn procurando as empresas e aplicando meio que na “louca”. Eu ia vendo se parecia, pelo menos, um pouco com o que eu fazia, ou com as skills que eu tinha. Se tinha esse match eu aplicava, se não, eu nem tentava. Em Amsterdã ninguém me respondeu, ninguém mesmo. Eu consegui uma entrevista com a Uber porque eu tinha encontrado alguém no Linkedin e pedi para essa pessoa me recomendar. Não foi uma experiência muito legal, porque como essa entrevista foi por fora do fluxo da Uber, que geralmente acontece, foi muito improvisado, eu acabei não tendo uma experiência muito boa e não consegui também mostrar o meu trabalho e acabei não continuando aquele processo. Aí eu pensei: “Puts, não vai rolar Amsterdã de jeito nenhum, ninguém me respondeu”, eu não sabia também se era por causa do visto, porque eu não conseguia nem uma resposta, nem para um primeiro contato. Aí eu falei: “Qual seria um outro país que eu gostaria de mudar”? Eu pensei: “Vou tentar Londres, porque eu gosto muito, sempre quis morar lá”, comecei a procurar empresas lá também. Aí eu entrei em dois processos, quase entrei em três. Eu entrei num processo com a empresa chamada Cobalt, que na verdade, o business deles é parecido com o da Spotify, mas eles focam mais em artistas independentes. E nesse processo eu fui até o final, não consegui passar porque eles precisavam da experiência com liderança, isso eu não tinha. Fiz entrevista para a Transfer UI também, foi bem legal, conheci todo mundo lá, avancei bastante no processo, mas eles precisavam de uma pessoa mais para trabalhar no time do marketing, queriam muito que fizesse visual, eles estavam num momento que eles queriam mudar a marca. Quando eles viram os meus skills, eles achavam que seria mais para esse projeto, aí para o que eu queria, trabalhar com produto, eu acabei não aceitando. E comecei também um processo no Facebook, que era para trabalhar no Workplace, e acabei não indo para o final, porque também precisavam de experiência com liderança. Foi aí que eu pensei: “Puts, não está nada dando certo”, mas acabei conseguindo ir super bem na entrevista do Facebook, consegui bastante feedback positivo e eu vi que tinha alguma coisa ali. Aí eu pensei: “Vou aplicar aqui para o Spotify também, se já apliquei para essas empresas aqui e vi que rolou, talvez tenha alguma coisa aqui”. Mas isso foi depois de ter aplicado para muitas empresas, ter recebido muito “não”, ter entrado em processos que foram super cansativos, cada processo foi bem exaustivo, você fazer três processos, é tipo, bem mais. Mas aí eu tinha me inscrito para essa do Spotify e super rápido eu recebi o retorno do recrutador, perguntando um pouco mais sobre os meus skills, e eles me falaram: “Essa de Londres acabou de fechar, mas tem uma vaga em Estocolmo. Você mudaria para Estocolmo”? Eu falei: “Nossa, com certeza. O meu sonho é morar em Estocolmo”, eu nunca tinha ouvido falar, na verdade, de Estocolmo. Terminou a ligação, eu fui procurar informação ali, procurei as imagens. E foi muito engraçado, porque eu procurei as fotos… muito ignorante mesmo, eu procurei as fotos e falei: “Puts, uma cidade aqui pequena, mas vamos lá, Spotify”. Eu passei dessa primeira etapa, a segunda etapa foi com a diretora de design. Naquela época o time era um pouquinho menor, isso foi em 2018, o time era menor e a entrevista foi direto com a diretora de design, eu conversei com ela, a gente teve um papo bem legal, porque ela também tinha background em agência, sabia como que era o trabalho lá e ela gostava muito das skills que vêm com a agência, porque você trabalha numa velocidade muito rápida, tem que entregar muito rápido, tem que pensar rápido, ela gostava daquilo. E também tinha background em produto, que também interessou. Aí passei dessa etapa e acabei sendo convidado para fazer entrevista presencial em Estocolmo. Aí vim para cá, e quando eu cheguei eu falei: “Puts, que cidade maravilhosa, aqui é tudo muito bonito, tudo muito limpo”. Eu cheguei bem no inverno, então é escuro e é frio, mas achei maravilhoso. Eu pensei: “Mesmo que não dê certo com o Spotify, eu vou procurar outras empresas aqui”, porque a cidade é maravilhosa. No dia da entrevista eu tinha certeza que eu não ia conseguir a vaga, porque estava tudo muito bom para ser verdade. O Spotify tinha me colocado num hotel muito legal aqui, a cidade era legal, tudo estava dando muito certo. Eu falei: “Puts, não vou conseguir mesmo, eu vou chegar no escritório, vou conhecer essa galera, tentar descobrir um pouco mais como que é a organização”, porque eu estou trabalhando em squads desde 2014 e foi o Spotify que criou isso, então vai ser demais, só conhecer a galera vai ser mais do que eu já podia esperar dessa entrevista. Aí eu passei o dia pensando nisso, muito tranquilo, eu não cheguei a ficar nervoso, porque eu tinha certeza que eu não ia conseguir. Mas acabei recebendo uma oferta do Spotify e me mudei para cá. Hoje fazem 2 anos e 9 meses que eu estou no Spotify e estou super feliz.

Legal. É bastante tempo, especialmente, quando a gente vê o ciclo de tecnologia, principalmente nos últimos 12 meses, digamos, a média das pessoas numa empresa têm diminuído bastante. Não sei se é o ambiente remoto, tipo: “Não gostei” e sai. O que, na sua visão, faz você ficar tanto tempo assim? Sei lá, “eu gosto de música, tem relação com propósito”. Você falou também várias coisas legais, mas uma coisa que chamou a atenção ali, que é: “Eu não tinha me identificado com a cultura da outra empresa”. Será que a cultura também tem esse racional de te ajudar a ficar tanto tempo?

Fabiano – Sim, é muito legal curtir e ver como realmente as coisas acontecem rápido. Acho que o maior tempo que eu fiquei, se você olhar para a minha carreira e pensar o porquê que eu acabei mudando de empresa lá no começo, foi porque eu queria muito trabalhar com uma coisa, então eu tinha uma visão, tipo: “Ah, eu quero trabalhar com produto, quero desenvolver essas skills”, então eu procurava as oportunidades e tentava desenvolver, aí quando completava aquilo ali, eu pensava: “Tá, e agora”? Tipo: “Quero trabalhar fora”, e eu deixava isso me guiar. Mas quando eu cheguei na Verizon e eu vi que eu estava trabalhando fora, estava trabalhando com produto, mas eu sentia falta de mais colaboração. Eu não se é porque foi a minha primeira experiência fora do Brasil, e você tem o contato com uma cultura nova, você não tem mais os seus amigos por perto, a sua família por perto, aí você procura isso, talvez, nos colegas ou nos amigos, e eu não senti que eu tive isso, o meu trabalho não tinha tanta parceria, tanta colaboração. Na verdade, era bem mais difícil, pelo menos, na minha experiência, fazer amigos por lá. Dos amigos que eu tinha, que eu tentava fazer amigos no trabalho, a galera era muito… tipo, depois do trabalho todo mundo vai para a sua casa. É muito relação profissional, isso que eu sentia. Quando eu comecei a trabalhar na Spotify, eu vi que é muito diferente, porque a galera é muito de boa, muito aberta, muito parecido com a gente no Brasil. Eu acho que isso me ajudou muito a me adaptar aqui, porque eu ainda escuto de outras pessoas que mudam para a Suécia, dizendo que a galera é fria, “é difícil fazer amigos aqui”. Então, acho que vai muito de quem você acaba conhecendo. No Spotify tem muita gente que não é daqui, tem muita gente do mundo inteiro, tem americano, tem sueco, tem britânico, tem gente de todo o mundo, da Holanda, enfim, todo lugar mesmo. E ajuda muito, porque todo mundo está no mesmo barco, todo mundo mudou para cá, está construindo a comunidade. E a cultura do Spotify, os valores, é muito de colaboração, de ser muito aberto com o outro. Isso é uma coisa que eu noto muito. Eu sempre falo disso, que a coisa que eu mais gosto de lá é que todo mundo tem os seus gostos, tem as atividades que faz fora do trabalho, tem gente que é muito boa fazendo música, tem gente que é muito boa em outras coisas, em jogar videogame, tem gente que vive viajando também. Mas tem uma coisa que eu sempre bato, que é uma coisa em comum entre todo mundo, que faz acontecer, eu acho todo mundo apaixonado pelo trabalho, meio clichê de se falar, mas a galera é muito envolvida. Tem gente que está lá há 5 ou 6 anos e continua com uma paixão, que parece que a pessoa começou no mês passado. Essa energia que tem quando você começa num trabalho novo. Então, acho que essa foi a principal coisa que eu notei, como a galera trabalha junto, como a galera é aberta, e todo mundo muito bom. Eu lembro que quando eu fiz a entrevista, a product manager que me entrevistou, eu tinha visto ela no Linkedin, ela tinha passado pelo Facebook, pelo Linkedin mesmo, ela tinha trabalhado lá, e pelo Google, e quando eu cheguei para falar com ela, eu disse: “Puts, essa pessoa vai me eliminar de cara. Quem sou eu para chegar aqui e fazer entrevista com essa pessoa”? E é uma pessoa muito querida, contou que quando ela estava fazendo entrevista no Google deu problema com o Hangout, ela achou que estava sendo um teste para ela, que ela estava sendo analisada. É uma pessoa muito fora da casinha, muito querida e muito aberta, super me deixou calmo. Depois eu falei com todo mundo, como ela passou por muitas empresas fodas. Eu trabalho com pessoas que passaram pela Apple também, que trabalharam na Apple Music. E são empresas que antes eu tinha uma visão: “Nossa, essas empresas são inalcançáveis. Essa galera, se um dia eu tiver a chance de conversar com elas, vai ser demais”. Acho que era uma síndrome de vira-lata que eu tinha mesmo. E aí chegando e conhecendo essas pessoas, e vendo que todo mundo… acho que todos os designers são a mesma coisa, só muda realmente a empresa que você trabalha, e mesmo assim, as empresas têm os mesmos problemas e as mesmas qualidades. Porque todo mundo está no mesmo barco, todo mundo está fazendo a mesma coisa. Isso abriu muito os meus olhos, vendo, para entender melhor os meus colegas de profissão e a galera que chegou lá longe, e como elas chegaram, e são muitas coisas em comum. Acho que a cultura, quando eu falo é isso, acho que a Spotify, a galera é super aberta e todo mundo está lá para te ensinar o que eles sabem também.

Fabiano, você falou um pouco que você sofreu algumas coisas, levou altos “nãos”. Eu achei muito interessante isso. Às vezes, as pessoas acham que, pô, vê que o cara está no Spotify, foi para a gringa e tal. Sabe? Eu acho que o que você passou, foi super bem. E foi bem interessante você falar isso. Eu queria que você comentasse um pouco, se você puder, o que te fez ter essa resiliência? Onde você se agarrou para falar: “Cara, eu vou tentar aqui, se não der, eu vou tentar nessa”? Além disso, você chegou a se preparar, em termos monetários ou financeiro, para “eu vou ficar aqui até esse ponto, se não der, eu vou voltar para o Brasil”?

Fabiano – Nesse negócio de eu ficar insistindo e ter resiliência, eu acho que vem lá do começo, quando eu morava com os meus pais, porque eu sempre fui de sonhar muito grande e eu venho de família humilde, eu queria uma oportunidade melhor para mim, que eu pudesse ajudar eles também. Eu sempre fui insistindo, os meus pais também sempre me colocavam no chão, tipo: “A gente não foi feito para chegar lá”, mas eu falava: “Não, a gente consegue sim”. Acho que desde quando eu estava com a minha família, de colocar na minha cabeça “dá para chegar”, e insistir, eu não desanimava. Tipo, falou não, aí beleza, chega um momento que você acostuma, “eu vou tentar a próxima, vou ver o que dá para fazer de diferente aqui”. E aí foi. Foi até chegando aqui. Tanto que quando eu desisti das empresas pequenas ali, eu comecei a mirar mais alto, aí vi que tinha a chance e acabei indo e passando. Então, foi na insistência mesmo, foram muitos e muitos “nãos”, até depois dessa conversa eu vou tentar achar a planilha que eu tinha das entrevistas para verem quantos “nãos” foram. Mas foram demais, até chegar, porque tem aquele ditado muito batido já, que você precisa só de 1 “sim”, e é muito verdade, você vai insistir, até que chega uma hora que vai dar certo. E é isso aí. E questão monetária e se o time é preparado, na verdade, não. Eu fui tentando, quando eu estava no Brasil era eu e meu namorado trabalhando e tentando manter as coisas em dia em casa, mas com essa ideia: “Beleza, vamos tentar e ver no que vai dar”, mas a gente não estava preparado de jeito nenhum. Eu tive muita sorte, eu fui muito privilegiado de a empresa pagar para tudo, então quando eu consegui a vaga para mudar para Dublin, a gente mandou tudo que tinha, eles pagaram nossa passagem, pagaram o visto, pagaram a passagem do meu cachorro, que ajudou muito. Quando a gente mudou, ficou muito mais fácil, porque você está ganhando em euro, você está vivendo em euro. Foi difícil no primeiro mês, porque quando você muda para um país que você vai ganhar em euro, você acha que está rico, eu comprei videogame, comprei televisão, um monte de coisa ali, aí falei: “Puts, realmente aqui ganha bem, mas gasta bem também”. Foi todo esse período de adaptação. Depois, quando eu fui para a Spotify, a Spotify também deu uma ajuda gigantesca e isso facilitou muito. Então, acho que por trabalhar com design, por ter trabalhado muito, ter conseguido a experiência que eu tinha para conseguir um trabalho assim ajudou, mas tem todo o privilégio das empresas terem pago para ajudar com a mudança também.

Eu queria saber um pouco da língua. Teve muita dificuldade? Você já falava inglês antes? Como foi esse impacto, chegar na Europa ali e falar? Até nas empresas, antes do Spotify, como eles te trataram, em relação a isso?

Fabiano – Então, eu tinha feito um curso no Brasil, quando eu decidi que eu queria… eu nunca estudei, quando eu estava no colégio eu fazia o inglês de escola pública mesmo. Quando eu comecei a trabalhar na agência em Guarapuava, eles tinham uma parceria com uma escola de inglês, porque eles faziam anúncios para a escola de inglês e a escola de inglês oferecia benefícios para os funcionários, aí comecei a fazer inglês por ali, fiz um pouco só. Depois que eu tinha feito esse inglês que era oferecido pela agência, eu entrei em um curso que era mais intensivo, lá na minha cidade mesmo. Eles eram uma escola bem pequena, mas eles ofereciam essa metodologia, que hoje em dia é bem popular, que o inglês acontece, tipo, você chega no nível intermediário em 6 meses. Esse inglês me ajudou muito, a escola era super pequena, mas os professores eram muito bons, tinha uma cultura super legal, tinha uma base boa. Eu continuei, eu fiz um pouco mais de curso em Curitiba, quando eu tinha decidido que eu queria tentar uma vaga para fora. Beleza, nesse momento ali eu achei que o meu inglês era ótimo, dava para trabalhar tranquilo. Aí cheguei em Dublin, eu não conseguia nem falar com a taxista, eu descobri que o meu inglês era muito ruim, que não dava. Mas foi difícil em Dublin, porque o inglês da Irlanda é bem mais difícil de entender, quando você faz aula focado no inglês americano. Mas foi o dia a dia, de chegar no final do dia e a cabeça doer, porque você tem que ficar concentrado, tentando entender o que as pessoas falavam, e também tinha que comunicar de volta. Eu ficava cutucando o meu colega, assim: “Ah, o que o consultor falou”? Eu tive muita sorte de ter uma outra brasileira no time, ela estava trabalhando lá há muito tempo, e ela me ajudou muito, a gente é amigo até hoje. Ela não está mais lá, ela está na Intercom hoje em dia, e ela ajudou super, me deu várias dicas, traduzia um pouco do que a galera falava e a gente ia para o Pub depois do trabalho, aí tinha quiz no Pub, que isso é muito comum na Irlanda. E ela também ia me ajudando se eu não entendesse as perguntas, se eu não entendesse o que estava acontecendo, ela ia me ajudando. Aí foi desenvolvendo, foi trabalhando mesmo o quiz que eu fui melhorando. Você perguntou como a galera vê o inglês da gente. A galera é muito de boa. A gente se julga muito mais, e a gente se perde muito mais do que qualquer pessoa fora do Brasil vai pedir. Eu acho que eles até veem como uma coisa muito legal, que o brasileiro consegue falar duas línguas, porque se você sai do Brasil, se sai para um país de língua inglesa nativa, todo mundo ali já nasceu aprendendo essa língua, da mesma forma que a gente aprendeu português, aí qualquer outra língua que a pessoa aprenda é um plus. E brasileiro sair do Brasil e falar duas línguas já é uma coisa muito boa, ninguém vai julgar nível de inglês, não vai rolar piada nenhuma, isso é tudo da cabeça da gente. Não tem problema nenhum, todo mundo vai se comunicar de um jeito. Também não é só brasileiro que a gente identifica que tem problema com a língua, que não fale perfeitamente, você vai conhecer muitas pessoas de outros países que vão passar pela mesma coisa, e é muito cultural. Depois que você aprende, convive com pessoas que vieram de países diferentes também. Mas é muito tranquilo, é super confortável, eu nunca tive nenhum problema. O meu inglês jamais será perfeito também, porque eu não nasci em um país de língua nativa, língua inglesa nativa. Mas é o suficiente para trabalhar, para me comunicar e a galera está super feliz ali de você estar fazendo um esforço para se comunicar com a pessoa.

Eu acho muito nobre isso, porque é uma atividade que ela prioriza você querer se comunicar com outra pessoa. No fundo, é algo que a gente se julga muito assim: “Nossa, eu vou falar perfeitamente”, mas no fim, o que você está querendo fazer é se comunicar com uma outra pessoa, que se você falar em português ela não vai entender também.

Fabiano – Sim, e a galera acha super legal também. Às vezes, a gente faz piada, começa a traduzir umas coisas, ensinar a galera a falar português também, e é muito legal. Essa troca de culturas eu acho que é a melhor coisa que pode acontecer quando você decide mudar de país. Eu amo muito o Brasil, amo muito os meus amigos brasileiros, eu tenho amigos brasileiros aqui também, mas eu tento muito fazer amigos de outros países, só para entender como que é a cultura das pessoas. Eu acho que é muito na experiência de abrir os olhos para tudo. É muito legal também conhecer pessoas diferentes e ver como elas se interessam por você também, pela sua cultura.

Tem uma frase que você disse, que é assim: “Quando você vai ensinar, você aprende mais do que ensina”. Você falou isso no início da nossa conversa. Como que é o dia-a-dia, a prática disso aonde você está hoje, no Spotify?

Fabiano – A prática? Eu acho que tem muita coisa que acontece dentro do Spotify mesmo. A gente tem bastante designers começando agora, tanto com uma vaga de estágio, com uma vaga que acho que no Brasil a gente chamaria de Júnior, que a gente tem que dedicar muito tempo, fazer onboarding das pessoas, fazendo toda a revisão. Tipo: “Preciso passar tudo isso aqui, eu preciso documentar, preciso achar uma forma de criar o user onboarding para essa pessoa”, e você se liga. É muito engraçado, porque quando você começa a trabalhar na empresa, independente da empresa que seja, depois de um tempo você esquece que o que você sabe é novo para muita gente. Isso eu tenho muita insegurança quando eu faço talks ou quando eu vou falar, tipo com vocês agora. Porque eu não sei se o que eu estou falando faz sentido para todo mundo, se é uma coisa que todo mundo já sabe, se eu vou conseguir trazer alguma coisa nova. Mas quando você para pra fazer, quando você precisa ensinar alguém, tudo isso, você para pra ver o que você aprendeu, é muito louco o quanto você caminhou, aonde você chegou. Então, toda vez que acontece isso, é uma das oportunidades que a gente tem, que eu acabo aprendendo muito sobre mim mesmo, sobre os meus processos. Porque eu não sou uma pessoa que sigo processos, tipo: design sprint, por exemplo. Não é uma coisa que eu abro o livro, sigo passo a passo, é mais no instinto, eu sei o problema que a gente tem que resolver, o que a gente precisa entregar no final de semana, aí eu vou adaptando o meu processo, e só depois eu penso: “Puts, eu sou uma pessoa muito ruim com processo, não entendo nada”, quando eu vou documentar, eu vejo que realmente tem uma coisa que eu simplesmente aprendi aqui, agora posso passar para outra pessoa. Então, tem essas coisas do dia a dia e tem outras oportunidades que a gente tem também, e que o Spotify dá muito espaço. Por exemplo, na semana passada eu tive uma talk para estudantes que estão se formando agora, para a gente atrair pessoas para o nosso estágio de verão, que acontece todo ano. E foi também uma das oportunidades que eu tive de apresentar mais sobre o Spotify, como é a organização, como é o meu trabalho, e isso é muito incentivado, ensinar as pessoas. É o que eu sinto, você vai passar isso, você acaba aprendendo de uma forma que você vai conseguir fazer melhor na próxima vez, se faz sentido.

É bastante isso que eu sinto quando eu vou dar aula ou quando eu tive que me preparar para dar aula. As primeiras vezes que eu fui dar aula, eu me senti muito ignorante. Que é assim: “Eu vou ter que aprender muito para fazer esse negócio”, é fazer esse negócio ficar minimamente bom para as outras pessoas, sabe? Que eu acho que tem uma relação forte com o design, que é aquela questão de a gente estar projetando a experiência para outras pessoas, o quanto a gente tem que se esforçar para fazer com que aquilo faça sentido para outras pessoas com outras culturas. A gente sabe que quando a gente recebe um “sim” de uma empresa que você sonhava trabalhar, é muito legal. É uma sensação, um sentimento muito bom, não é? De vitória, e tal. O que você diria para as pessoas não desistirem no meio do caminho desse negócio? Depois de tomar tanto “não” e se esforçar tanto, e participar de processo seletivo, que, às vezes, é difícil, é penoso, tem um monte de etapa, a pessoa fica cansada. Nossa, fez a fase 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8. Chegou no final lá e “não”. Quando que a pessoa diz: “Não vou desistir desse negócio”?

Fabiano – Eu acho que tem que falar isso toda vez, não importa quão longe que foi. Não é uma sensação boa, com certeza, chegar no final, tem um processo de entrevista e receber um “não”. Não vou dizer que está tudo bem, porque não está, é ruim mesmo, você tem que fazer tudo de novo. Mas eu acho que dá para tirar ali uns 3 dias de luto, pelo processo que não deu certo, mas parar para pensar, tentar pegar feedback do processo e: “Puts, será mesmo que eu estava preparado? Será que eu não estava? Se eu não estava preparado, por que não estava”? Eu lembro quando eu recebi o feedback da Booking, da primeira entrevista que eu tinha feito e não consegui. Eu fiquei muito “de cara”, eu falei: “Meu, como assim não consegui? Eu já sabia fazer tudo isso aqui. Nada a ver”. Quando eu parei para pensar no feedback, eu falei: “Puts, é verdade. E é jeito, tentando aplicar já, não estou preparado mesmo. Vou tentar pegar esse feedback e vou tentar melhorar e vou tentar de novo”. Eu acho que é isso. Sempre vai ser um feat, tem que dar certo para a empresa, tem que dar certo para você. E entrevista é isso aí, entrevista é você descobrindo sobre a empresa, a empresa vai descobrir sobre você e se der certo, vai acontecer. Eu acho também, quando eu vejo as oportunidades que não deram certo para mim, eu penso: “Puts, que bom que aquela oportunidade não deu certo, porque não tem nada a ver comigo hoje”. Se eu estou aqui no Spotify hoje foi porque eles viram alguma coisa em mim. Que bom que eles viram isso aqui, porque eu estou bem feliz, estou trabalhando lá há 3 anos e deu certo. Então, acho que é questão de insistir e pensar: Se der certo, vai ser muito legal. E é isso que vai acontecer, enquanto isso a gente vai tentando. Só de tentar, a pessoa vai ficando melhor. Então não é uma coisa negativa tentar processo de entrevista e não passar, porque você já aprendeu muita coisa que você vai aplicar para a próxima, e que vai fazer sentido depois de anos. Quando você está entrevistando pessoas na empresa que você vai entrar mais tarde, aí você vai ver: “Puts, faz sentido mesmo, eu fiz isso aqui lá atrás”, você vai poder ajudar as pessoas que vão entrar em processo também. Então tudo na vida é aprendizado, e como designers a gente sempre está aprendendo e melhorando. Então acho que isso é só mais uma parte do processo.

E como é chegar num estágio aonde você trabalha numa empresa que é sonho de consumo de muitas pessoas? E, às vezes, as pessoas pensam assim: “Nossa, a pessoa está trabalhando na empresa tal”, seja lá qual for a empresa famosa que a pessoa está, a pessoa está trabalhando fora do país, essa pessoa está rica, está estabelecida já, não precisa mais se preocupar com dinheiro, a vida está ganha, não precisa mais fazer nada, é só manter aquilo que eu ganhei. Qual é a real, Fabiano?

Fabiano – Olha, se existe esse nível aí, eu posso dizer que eu não cheguei. Mas eu acho que tem fases. Na primeira fase, quando você consegue a oferta, quando você consegue o trabalho, é surreal, você fala: “Puts, consegui o Spotify. Que loucura”, aí todo o momento de contar para os amigos, tipo: “Consegui o melhor emprego. Consegui essa vaga no aplicativo de música aqui”. Eu fazia todo o suspense para os meus amigos. “Ah, que legal. Qual aplicativo?”, “ah, é o Spotify”, a galera ficava doida, achava o máximo. Aí você começa a trabalhar na empresa, é tudo muito novo, são metodologias novas, é um jeito de trabalhar diferente, tem detalhes mesmo do design, por exemplo, eu comecei a fazer design bidirecional, porque o Spotify tem todos os diferentes casos de uso, diferentes usuários, está presente quase no mundo inteiro e cada região tem a sua particularidade, aí como designer tem que saber como desenhar para todos esses lugares. Era tudo muito novo para mim. Então teve todo esse momento de descobrir tudo isso, mas naturalmente você acostuma e acaba indo nessa vibe. Você pensa: “Puts, se eu saio daqui qual é a próxima etapa”? Na minha cabeça, por exemplo, a reta final era a Apple, o dia que eu chegar na Apple eu vou ter zerado a minha vida. E eu trabalhando com uma pessoa, ela disse: “ah, eu trabalhei na Apple”, “Ué, mas a Apple não está lá em cima? Aí você voltou? Como que funciona”? Puts, não existe nada disso, isso é só na cabeça da gente, toda empresa tem as suas qualidades e problemas. Às vezes, também eu paro para pensar em como algumas coisas são organizadas, e eu penso: “Puts, se as pessoas imaginam que é assim…”, não é o que as pessoas imaginam da organização do squad. Mas eu penso: “Puts, mas na verdade, faz muito sentido, porque a gente está experimentando com coisas novas, a gente está mudando todo dia”, é tudo muito mais flexível. Então, depois que você vai para o outro lado da cortina, e você vê como as coisas funcionam ali por trás, acaba ficando muito mais realista para mim, ficou muito mais próximo para mim. Isso aqui eu achava que era desse jeito, mas na verdade, é desse. E passa. Hoje em dia, para mim, quase 3 anos lá, muita coisa é comum. É estranho falar que, tipo: “Trabalho para o Spotify”, às vezes, eu lembro do que é o meu trabalho, quando a gente pensa, a gente faz esse teste aqui para 1% dos usuários, aí eu penso: “Puts, mas 1% é o tamanho da minha cidade, é o tamanho de Guarapuava”. Nessas horas que eu lembro que eu estou na Spotify. Mas depois de um tempo vira rotina, é o que a gente faz como designer em qualquer lugar.

Fabiano, muito obrigado pelo seu tempo, pela sua paciência de nos aturar fazendo tantas perguntas. Foi muito legal, cara. Muito bom poder falar contigo, acompanhar um pouquinho da sua jornada, ver aonde você está vivendo, uma outra cidade, um outro momento, um país diferente, uma cultura diferente e uma empresa que tem uma proporção do tamanho do Spotify. É muito legal poder conversar e receber um pouco desse conhecimento de volta. Obrigado.

Fabiano – Valeu, gente. Obrigado pelo convite. Foi muito legal conversar com vocês. Precisando, é só chamar.

Não esquecendo: Tem descrição desse episódio. Então, as indicações do Fabiano, indicações de materiais, livros, está tudo aqui na descrição deste episódio. Na sequência falaremos mais. Muito obrigado pela sua audiência e por escutar esse Podcast até aqui, espero que tenha sido bom, e que você continue conosco. Até mais. Vejo vocês em breve. Fui.