TEMPORADA 2 - EPISÓDIO 8
Koji Pereira
Temporada 2 Episódio 8 – Koji Pereira
PROJETO: Desenhando Produtos
TRANSCRIÇÃO: Lady González
Koji Pereira é Sr. Product Design Manager no Twitter em São Francisco, EUA. Ele tem mais de 2 décadas de experiência na área de design, trabalhou na Lyft por 2 anos e na Google por 9, lançou produtos 0-1 e trabalhou na equipe de produtos consagrados como: Orkut, Google+, Files by Google, Camera Go, Android TV Data Saver, Who’s Down, Lyft Pass, entre outros. Koji foi também professor no Brasil na IEC-PUC Minas e FUMEC, e também na HARBOUR.SPACE em Barcelona. Ele é evangelista de práticas colaborativas, e inclusivas em Design.
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Hoje vamos falar com ele, que foi head de design no Google, foi head de design Lyft, trabalhou num monte de empresas. Hoje ele é sênior product design manager no Twitter, Koji Pereira, seja muito bem-vindo. Fique muito à vontade para contar a sua história, o que você acha importante até agora onde você está, e tudo mais. Seja muito bem-vindo. E livre para falar.
Koji Pereira – Obrigado, Josias e Léo. Eu vou seguir à risca o que vocês me sugeriram, vou contar a história completa mesmo. Eu cresci em Belo Horizonte, no bairro Jardim Montanhês, que é a periferia de Belo Horizonte. Eu fui o primeiro da minha família a fazer faculdade, então para mim foi um peso bom, de saber que eu ia ter essa oportunidade. Uma das primeiras coisas que a minha mãe perguntou foi “qual a faculdade você vai fazer?”, eu falei “Belas Artes”, ela falou “como assim? Belas Artes?”. Passou um tempo e ela falou: “meu filho, você tem que fazer a coisa que você realmente tenha paixão, e eu tenho certeza que você vai descobrir alguma coisa ali da Belas Artes”. Eu fui fazer Belas Artes. Em paralelo, eu já tinha banda, eu era vocalista de uma banda de punk rock, eu fazia cartaz dos shows, eu fazia capa de demo tape.
Eu estou denunciando a minha idade, eu tenho 42 anos, isso era em 1997. Nessa história toda eu descobri a tal da internet, em 97 eu era a primeira pessoa da minha turma, basicamente, que tinha acesso à internet discada. Antes da internet eu já tinha uma DBS, você conecta no outro computador, ele tem uma linha de comando, você pode baixar arquivos, é antes da internet. E com a internet eu falei: “cara, eu vou fazer sites”, porque para mim aquela era uma nova visão de design, design estático, design móvel, o design podia ser interativo, e nessa época eu nem pensava que poderia ser um produto, mas comecei a fazer sites para bandas e coisas do tipo. Nessa eu acabei dando de cara com o Franklin Valadares, que hoje é o CEO do Rurun.it em São Paulo.
O Franklin tinha um site onde as pessoas iam, se chamava podetudo.com, as pessoas acessavam, ligavam o computador, que era um desktop, demorava uns 5 minutos para ligar, 5 minutos para conectar, uns 5 minutos para abrir o site, e lá você pedia uma pizza. A gente tinha um servidor, depois eu entrei para essa empresa, conectada em um fax e a gente mandava, automaticamente o software mandava um fax pedindo uma pizza, a pizza era entregue e recebia o dinheiro em cash, em papel. Não tinha um modelo de negócio, o nosso modelo de negócio é que a gente promovia alguns desses restaurantes no home page, e a gente cobrava add, daquilo ali, porque naquela época nem existia pela internet. O Franklin sempre foi muito visionário, isso já era em 2000, em 1997 eu já estava na gráfica, foi em 2000.
Não tinha nenhum outro lugar que estava fazendo isso, não se chamava startup, não tinha investimento e a gente fazia o crescimento disso através do outdoor. Era um Ifood, era um Uber Eats, só que super primitivo. Enfim, não deu certo esse produto, mas eu acabei entrando para essa empresa e o Franklin passou ali uns 2 a 3 anos e ele falou: “cara, eu cansei de fazer site”. A gente tentou de tudo, a gente tinha outro produto que era horóscopo por SMS, que a gente tinha até um faturamento bom, tinha que fazer a interatividade de menus sms, de wap, que era o modo de conexão de internet, entre aspas, pelo celular, via texto. Eu tinha 21 anos e ele falou: “cara, se você quiser ficar aqui eu te pago o quanto eu te devo, você fica com esses 4 PCs amarelos aqui, que são os nossos computadores, o servidor, alguns clientes e esses dois produtos que a gente tinha”.
Os clientes, a gente fazia site também, era uma mistura de agencia com startup. Eu falei: “cara, sim”. Eu passei uns meses miseráveis, recebendo R$ 50,00 por mês. Não foi nada fácil ser empreendedor com 21 anos, sem querer ser empreendedor. Eu continuei com alguns clientes legais, como a Telemig Celular, que hoje é a Vivo, esse produto de enviar mensagens que é o Lembret. Em um certo momento o Franklin saiu da empresa que ele tinha entrado e ele montou outra empresa com outras pessoas, que na época era Aorta, virou Pontomobi depois foi comprada por um grupo maior, eles falaram comigo: “agora a gente quer comprar vocês, a empresa de vocês”, era eu e um outro sócio, e a gente falou: “tá, a gente vende”.
E eles queriam contratar eu e uma outra pessoa que tinha, e usar o produto que a gente tinha que era de sms, porque tinha só a gente e a Technet em Belo Horizonte que fazia esse tipo de serviço de mensagens em massa. Para ficar claro, com a permissão e a parceria das empresas de Telecom, não era Spam. O que aconteceu? Eu entrei lá, depois eu fui aprender, toda aquisição é difícil, o meu trabalho mudou muito, ele se tornou uma coisa muito mais maçante, chegou uma hora que eu falei “cara, já deu aqui o que eu podia fazer de design, eu vou procurar outro lugar”, e aí surgiu, alguém mandou para mim uma vaga, que não falava de qual empresa que era, mas falava “precisamos de um designer para trabalhar em um produto e é como freelance, e precisa falar inglês”, eu cheguei lá e era o Google. O Gustavo Moura que era o designer do Orkut na época me entrevistou e falou comigo: “você quase não passou, porque o seu inglês é muito ruim”, eu passei e comecei já na semana seguinte no Google como contractor freelancer.
A gente redesenhou o Orkut, a gente lançou o novo Orkut, depois eu saí do Google, fiquei lá 1 ano como contractor. Eu montei outra empresa, depois virou Design Thinking Brasil de Belo Horizonte, ali a gente teve vários clientes também, como consultoria de design thinking de UX, mas um depois o Google me chamou de novo, fui trabalhar no Google de novo, continuar trabalhando no Orkut. Trabalhei mais uns anos no Orkut, matamos o Orkut, no entanto, eu fui o único designer do Orkut, porque o Gustavo mudou para os Estados Unidos, e a Barbara Veloso que era uma designer saiu, então eu era o único designer do Google da América Latina.
Eu fiquei ali por um tempo, até que eu falei: “cara, agora eu quero fazer outra coisa”. Não tinham outras empresas no Brasil de Tech, nem startups direito, pouquíssimos, podia contar no dedo. Nenhuma parecia nem próximo do que o Google era, em termos de ambiente, entender de design, valorizar design, “Vou para os Estados Unidos”, vou trabalhar no Google Plus, transferido pelo Google há 7 anos atrás, eu trabalhei em vários outros produtos, Google News, Google My Business, lancei várias coisas do zero, passei por um time que a gente tinha um VP, que é o Bradley, e ele falou “cara, a gente precisa criar experimentos de social”, para competir com o Facebook, na época. Trabalhei com algumas pessoas conhecidas na área de design, que na época era bastante conhecido nessa área de design. A gente criou vários experimentos, eu digo experimento porque são produtos que ficaram no ar durante 1 ano, mais ou menos.
Então, a gente lançou o Google Space, Rushdown, trabalhei em outro produto que nunca foi lançado, mas era meio que uma mensagem que desaparecia, que tinha muito a ver com Snapchat. Foi muito legal, porque a gente tinha um time e a gente chamava Vencial Labs, a gente tinha um time bem pequeno de design e research e engenharia, que a gente conseguia lançar coisas muito rápido, nessa a gente lançou produtos que ficaram, na maioria, um ano no ar, depois a gente tirou, mas eu aprendi bastante ali. Dali eu falei: “cara, agora eu percebi que o Google não vai lançar nada de social que vai ser sucesso”, porque a nossa Brand já era velha, não tinha a ver com o social, a nossa estratégia foi muito mais assim: vamos ajudar os outros times a construir coisas mais social, o YouTube virou essa coisa bastante social, que eu participei também de alguma dessas funções. Eu fui para um time que se chamava Next Bus Users, que fundos imobiliários o Fun Circle, porque que a ideia era criar produtos primeiro para países emergentes como o Brasil, Índia, Indonésia, com o continente africano.
Eu me encantei, é sobre acesso, é sobre inclusão digital, é sobre fazer produtos que sejam acessíveis. Foi super legal, o nosso VT falou: “Eu quero que vocês cresçam, eu quero que vocês criem produtos de sucesso, bem aberto”, só que ele tinha algumas ideias, ele falou: “cara, eu olhei aqui e tem esses top trends na Índia, que são os produtos que dão certo”, a gente olhou, era só uns Apps muito estranhos, nada me chamou muita atenção, e a gente começou a testar uma plataforma de game primeiro, no meio desse teste de plataforma de game, eu viajando para a Índia pra caramba, fazendo teste, a gente descobriu outros problemas, e um dos problemas que a gente descobriu é que um terço da população da Índia, que é quase 1 milhão de pessoas, ficam sem espaço no celular, no caso Android, todos os dias.
E isso significa que se você não tem espaço no seu telefone Android, você não pode baixar um vídeo, você não pode receber uma mensagem no WhatsApp, seu telefone fica lento. Além disso, as pessoas não têm dinheiro para comprar um telefone nos próximos X anos, ou seja, a gente tem que prolongar o tempo de vida dos celulares, através dos softwares, de alguma forma. Esse era o problema.
Fomos fazendo testes, fomos fazendo protótipos, a gente chegou num protótipo super simples, que era um App que um engenheiro criou, era um protótipo funcional que detectava as coisas que você recebia do WhatsApp e sugeria você a apagar essas coisas, dentre elas Memes de bom dia que você recebe no grupo da família. A gente testou isso, parece uma coisa boba, mas isso foi coisa que eu preciso hoje, a gente recebeu um feedback assim muito forte. Com esse protótipo funcional, numa época que era quebradão, depois de 1 semana, 33% das pessoas continuavam a abrir o App e usando os quebradões que o dinheiro caía em duas semanas. A gente falou: “agora a gente sabe qual é o problema, precisamos resolver.
A gente sabe que a gente precisa de um file cleaner”. Foi aí que nasceu o Files Go, que foi um produto que a gente começou do zero mesmo no nosso time, meu time começou de 3, 4 pessoas, virou um time gigante, mais de 100 pessoas. Tivemos várias coisas interessantes, do tipo, existia um File Manager padrão Android, então eu tive que ir lá para a Inglaterra conversar com o time para explicar, porque o nosso produto estava funcionando melhor. Saiu uma matéria na Tech Runt. Então, a gente começou a ter muito reconhecimento externo. Uma das matérias que saiu falava assim: O Google resolve o maior problema do Android até hoje com esse aplicativo. Internamente o time do Android falou: “então tá, vocês vão ser file manager padrão do Android agora”, aí a gente virou file manager padrão de Android, é um App que passou de 1 bilhão de instalações, que mesmo para o Google é ajudante, virou o App que mais rated high no Google Play, passando até o Google Photos, que era um dos maiores sucessos internos recentes do Google.
Depois disso, eu falei: “beleza, finalmente eu consegui lançar alguma coisa de sucesso, porque as coisas social tudo deram errado”. Eu saí do Google, fui para o Lyft trabalhar, quando eu entrei eu falei: “eu quero um time maior, porque eu quero ser o melhor people manager, porque produto eu acho que eu já consegui um ponto legal na minha carreira”. E aí eu consegui um time bem grande, pelo menos para a minha escala, que eram 7 designers no Lyft Business, só que eu fui para uma área que era business, que é B2B, não é muito a minha coisa. Eu tive várias oportunidades legais dentro do Lyft, por exemplo, na progressão de carreira, para cada d-level a gente tem uma descrição, o que é um designer sênior, designer staff, o que é um Principle designer, e a gente conseguiu incluir linguagens sobre inclusão e diversidade.
Para você ser um designer sênior, não é você só ser um bom craft, você tem que ouvir os outros, você tem que respeitar diferentes opiniões. Então, todas essas coisas começaram a contar em promoção, que para mim, talvez foi a coisa mais legal que eu fiz no Lyft. Sendo brasileiro, eu passei por todos esses processos aqui, muitas vezes sendo um pouco ignorado, um pouco virado de costas, porque o meu inglês não era perfeito, porque realmente eu sou o único latino ou brasileiro que, talvez, as pessoas daquela sala viu em uma reunião. Querendo ou não, tem baias muito grande. Eu não conheci nenhum brasileiro ou brasileira que estivesse numa vaga, numa posição de poder dentro dessas experiências que eu tive.
Então, o Lyft mudou um pouco, porque o líder de design sempre focava muito nele e a gente estava sempre tentando alterar essa cultura para se tornar mais inclusiva, diversa. Isso foi o que eu mais gostei do Lyft. Conseguimos coisas incríveis. Tem dois meses que eu estou no Twitter, e o motivo que eu vim para o Twitter é porque eu queria voltar para a social, queria voltar para o consumer. Esse é o número 1. O número 2 é porque o Narciso Danton, que é o nosso Schiffer designer office, que é o líder preto, no nível dele, em design, ele é a única pessoa dos Estados Unidos.
Eu estou aqui para aprender com ele, estou aqui para aprender com esse time. Um dos gols do Twitter é se tornar a empresa mais diversa do Silicon Valley nos próximos anos. História longa, mas é daí que a história termina por agora, nesse momento. O que eu posso dizer mais é que o meu time, a gente cuida de Explorer Search, que é a segunda área mais utilizada do Twitter. A primeira é o Home, a segunda é Explorer Search, é onde você descobre o que está acontecendo no mundo, Trending Topics é onde você vai procurar uma pessoa famosa, como a Beyonce. É uma área bem central, e estou curtindo bastante trabalhar de novo com o produto que eu uso e que eu sinto essa conexão bem próxima.
Aonde você está morando hoje?
Koji Pereira – Agora a gente mora em São Francisco. Eu e minha esposa, meus dois gatos e um cachorro, a gente viajou bastante durante a pandemia. A gente ficou, mais ou menos, uns 8 meses viajando. A gente morou em Denver, a gente morou em San Diego, a gente morou em Long Beach, a gente chegou a morar alguns dias em Novo México, em alguns lugares no Arizona. A gente teve uma vida nomádica durante a pandemia, como aqui é muito fácil viajar de carro, a gente alugou uma minivan e colocamos os bichos dentro, foi caótico, mas foi muito interessante. Tem um gato meu que tem câncer, então a gente viajou com ele fazendo tratamento de câncer, ele tem poucos meses de vida, então a gente está tentando aproveitar.
A gente tem lido algumas coisas de São Francisco que está meio difícil… Como está sendo nesses tempos morar em São Francisco, nessa época de pandemia?
Koji Pereira – Na verdade, eu acho que a mídia exagera um pouco, e as pessoas que moram aqui têm um nível de sensibilidade muito maior do que a gente do Brasil. Preto, cresceu na periferia, eu sou o primeiro a ir para a faculdade, já ter brigado para a pessoa não me esfaquear na rua, não tomar um tiro, eu acho que a vida é muito fácil aqui, comparado com isso.
No sentido que, a gente tem muito acesso as coisas, a cidade é maravilhosa, durante a pandemia o que fica como difícil é que a cidade é muito cara, é como se vivesse em São Paulo durante a pandemia, você paga muito caro para viver aqui e só faz sentido se você tem planos mais a longo tempo, a gente têm, a gente gosta daqui, a gente quer continuar aqui por vários motivos: é uma cidade onde tem cultura, como eu disse, eu tinha banda, eu sou vegano desde 1997. É uma cidade que tem muitas opções veganas, é uma cidade que abraça a bicicleta, é uma cidade que tem muito verde, onde Mountain bike foi inventado. Tem muitas coisas legais, os hippies, que para mim faz sentido estarem aqui, é uma cidade bastante progressista, comparando com o resto dos Estados Unidos, passando por lugares como Utah, Arizona, eu percebi que eu vivo numa bolha aqui, a Califórnia é como se fosse o próprio país, a gente costuma dizer, não é a realidade dos Estados Unidos, tanto econômica, quanto política.
Mas ao mesmo tempo é maravilhoso. Eu só tenho boas lembranças daí. Sempre que eu vou tem uma surpresa legal, diferente, algum lugar que eu não conhecia, que a gente explora, seja a atração cultural ou a atração da natureza mesmo. Tem muita coisa legal para fazer.
Koji Pereira – Sim, eu acho que cidades tipo: São Francisco, Paris, Nova Iorque, Berlim, Amsterdã, são cidades que todo dia vão te trazer uma coisa nova, vai te trazer algum tipo de surpresa, de inspiração, e para mim, como designer, como uma pessoa que trabalha com produto, eu preciso disso para me manter empolgado e criativo, não só criativo, mas de ter a coragem de saber que para chegar num produto e ser lançado e ter sucesso, é uma longa jornada, você tem que ter coragem, você tem que se colocar ali, apresentar, defender a sua ideia, conversar com usuários. Não é uma coisa tão confortável quanto, talvez, fazer um cartaz de uma banda igual eu fazia em 1997.
Você falou da importância da diversidade e essa visão da empresa que você está hoje, a diversidade como ponto de partida para fazer algumas coisas, até para as experiências anteriores que você comentou também ali. Qual é a importância da diversidade, na sua visão, especialmente quando a gente fala de design? Porque você mesmo contou que foi impactado por questões relacionadas a vieses, a percepção. Qual é a pegada da diversidade no design?
Koji Pereira – É muito interessante. É uma coisa que cada vez mais eu tenho estudado, tem dois livros que eu recomendo bastante, um é Missmatch da Kat Holmes, tem um livro How to Speak Machine do John Maeda, e tem o livro Design Forever One, que é de uma pessoa que trabalhou no Google. Para mim, tem vários aspectos, o primeiro aspecto que pula os olhos é, das minhas experiências com produto, todas as vezes que eu tive uma experiência que, ou era agradável de se trabalhar ou tivemos um sucesso muito grande, foi quando os nossos times eram mais diversos e funcionais ao mesmo tempo, porque tem que ser diverso e tem que ser funcional, no sentido que as pessoas sentem que elas pertencem, que elas podem opinar.
Por exemplo, tiveram times que eu trabalhei, onde todo mundo tinha medo de algum líder, ninguém queria falar sobre uma opinião divergente, ninguém queria se colocar numa posição que fosse contra esse líder. O que acontecia? O produto falhava miseravelmente. Porque uma pessoa só, não é capaz de representar a diversidade que é fazer um produto que funciona para o mundo inteiro. Número 2: Se as pessoas não se sentem confortáveis para falar o que elas sentem, a quantidade de feedback interno, a quantidade de participação interna cai, e quando a quantidade de participação interna cai você acaba com uma solução que é muito mais perder a cabeça de uma pessoa só, aquela ideia de uma pessoa brilhante, que vai lá e cria um produto brilhante, eu não acredito. Talvez, tenha sortes no mundo que aconteceram aí, mas em geral, o que dá mais certo, de forma científica, que você consegue repetir é quando você tem vozes diferentes, backgrounds diferentes, ativas e ouvidas.
Eu acredito muito nisso. Por exemplo, quando a gente foi fazer o files, a gente tinha bastante pessoas indianas no time, tinham umas pessoas latinas, não muitos, mas tinham, mas era o time mais diverso que eu trabalhei no Google. Lá, quando a gente ia discutir, por exemplo, “ah, mas a pessoa recebe uma mensagem de bom dia no WhatsApp todo dia, todo mundo recebe isso, minha família recebe”, as pessoas entendiam isso, ninguém falava “como assim, bom dia?”. Porque se você está aqui falando com os gringos, eles vão questionar: “como assim, WhatsApp recebendo mensagem de bom dia?”, as pessoas não entendem isso.
É preciso ter essa diversidade. Claro, a diversidade nos Estados Unidos é diferente da diversidade no Brasil. Eu, por exemplo, só o fato de eu ter vindo do Brasil e estar numa empresa aqui, já conta como diversidade, porque somos latinos. Aí no Brasil a conversa é diferente, porque tem a questão racial que dentro do Brasil tem muita diferença, tem a questão de gênero, que o Brasil ainda é muito machista, e por aí vai. Mas aqui dentro, só pelo fato de ter uma pessoa brasileira, já muda um pouco a história. Então, acho que é muito isso, tentar entender qual tipo de corte da diversidade que você precisa para poder realmente criar um produto efetivo, mas não só por isso, porque também é uma coisa certa de se fazer e, querendo ou não, hoje em dia as empresas que não fazem isso acabam não sendo mais levadas a sério.
Koji, você ficou quase 10 anos no Google? Um tempão, uma baita experiência. E você foi galgando. Eu queria que você contasse um pouco dessa experiência.
Koji Pereira – A primeira coisa que eu queria dizer é que todo mundo está na sua luta. Eu acho que é muito fácil a gente olhar no currículo, no LinkedIn e falar “nossa, a pessoa está há 10 anos no Google ou na Apple”, eu conheço pessoas que trabalham no Google ou na Apple que se sentem miseráveis. Primeiro, não é a empresa que define sua satisfação como profissional, não é o tempo, é muito mais o feat, o que eu estou fazendo hoje no lugar que eu estou, é o que eu quero fazer? Se sim, você tem um feat, para mim, estar há 10 anos no Google, nunca foi uma escolha, o que aconteceu é que primeiro eu tive várias transições, às vezes, é transição de time, às vezes, é transição de ser transferido para outro país, aí você tem que esperar o Green Card. O Google é uma cidade, um país, tem muitas empresas lá dentro que você pode ir mudando de uma para outra, às vezes, você acaba decidindo ficar. Mas a progressão de carreira, quanto maior a empresa, mais difícil é, mais lenta.
Uma coisa que eu percebi depois, não que eu me arrependa, mas se eu tivesse saído antes eu teria crescido muito mais rápido. O Google tem uma certa rigidez dentro da progressão de carreira, que você tem que se aplicar para uma promoção, você tem que escrever um dossiê do porquê você merece ser promovido, você tem que ter seu manager que concorda com aquilo, tem que levar para um comitê e você tem que exceder expectativas por mais um ano. É um processo doloroso, é um processo difícil, e só tem X oportunidades dentro do Google para certos níveis. Então, realmente é competitivo. É mais difícil, na minha opinião, ser promovido depois de certo nível, do que ser contratado no Google. Não é uma coisa fácil.
O motivo que eu fiquei lá foi muito por causa das transições, muita gente faz no Facebook, como no Google, ir para uma outra empresa, conseguir um nível mais alto e depois volta para o Google se quiser, ou volta para o Facebook já no nível mais avançado. Mas tem pessoas também que continuam lá e vão crescendo, mas é um processo difícil. Eu não me arrependo, eu acho que o Google foi uma ótima experiência, foi uma experiência boa durante os anos que eu fiquei, mais do que isso eu acho que eu não voltaria atrás não.
Como foi essa transição para chegar como head? Você contou que é difícil, mas você esperou? Como foi isso?
Koji Pereira – Eu acho que você tem que ser muito estratégico, nesse sentido de tentar entender o long turn, o for turn, os trade offs. Mas o mais importante para mim é pedir a opinião dos outros, de amigos, de parceiros, de parceira, mesmo que você não concorde, é ouvir opiniões, e se possível pessoas também que tiveram experiências parecidas, um mentor. Eu sei que no Brasil isso não funciona tão bem, mas aqui Coaching funciona bem. Coaching de carreira, não é aquele “você consegue”, é tipo: “onde você está hoje?”, são perguntas certas.
Tem o livro que chama The Coaching Habit. Quais são as perguntas que você vai se fazer para tentar descobrir como você vai chegar naquele goal que você quer long turn. Quando eu saí do Lyft, eu poderia conseguir, eu passei em algumas vagas, inclusive, de serem mais shiff designer officer, mas eu decidi não fazer isso, porque eu queria trabalhar numa empresa de tamanho um pouco maior que o Lyft, num produto que eu gosto de novo, num produto que é consumo de novo. Então, às vezes, também é esperar um pouco, entender qual é o momento certo, o Coaching ajuda, amigos, parceiros, parceiras ajudam. Uma outra coisa que me ajuda bastante é documentar tudo, eu coloco no Documents do Google, tipo, quais são as empresas que eu tenho interesse em trabalhar, eu categorizo assim: Cultura de Design, possibilidade de crescimento, o quanto eu me conecto com os valores da empresa, eu dou nota de 0 a 5, as que estão no topo eu começo a entrevistar, assim que possível. Às vezes, não estou procurando as entrevistas, crio um relacionamento.
Aqui, do jeito que funciona as coisas, você tem que fazer as entrevistas em paralelo, isso aprendi com um PM amigo meu, faço as entrevistas em paralelo, do mesmo jeito que as pessoas shopping para conseguir um candidato certo, você tem que shopping para achar a offer certa. Então, você faz as entrevistas na mesma semana, vai precisar de uma folga talvez, as vagas vão chegar nessa mesma semana e você consegue negociar, você fala “eu gostei muito da offer número 1, porém, eu quero trabalhar com a empresa número 2. Empresa número 2, você consegue bater a offer da número 1?”, e você consegue, falando de educação financeira, falando de progressão de carreira, essas coisas não são muito discutidas, mas isso é muito importante.
Que dica você daria para quem está almejando se tornar head, passar de Sênior para líder? O que você falaria para essas pessoas?
Koji Pereira – A primeira coisa que eu queria esclarecer é que tem uma diferença entre nível e responsabilidade. Nível você tem, por exemplo, diretor, sênior diretor, manager, VP, Schiff a designer office, isso são níveis, e você tem as responsabilidades de um lead, as responsabilidades de um lead, a responsabilidade de um head e às vezes, você tem as responsabilidades de um group, por exemplo, que tem vários times. Você pode muito bem ser um lead e não ser, por exemplo, um director.
Você pode ser um head e não ser um VP, que foi o meu caso, eu era head no creator time no Google, porque esse time criou o Files, mas eu não era director do Google, que tem uma diferença. O que você gosta dessas coisas? Por exemplo, no Lyft eu conversava muito com um designer meu, “ah, eu quero ser manager”, mas eu falava para ele: “mas você detesta reuniões”, porque o trabalho de manager é reunir, o que você tem que fazer como manager é ler um monte de documento e fazer reunião, é conversar com as pessoas, é achar as oportunidades para o seu time, você gosta disso? Se você gosta disso, tudo bem, se você não gosta disso, tem forma de você crescer níveis continuando como designer individual, como contribuidor individual.
Eu sei que no Brasil deve está começando, mas aqui no Twitter, por exemplo, a gente tem o Principle Designer, que seria o mesmo nível de um diretor, algumas empresas tem distinctive design, que é o mesmo nível que o VP. A pessoa que recebe um salário equivalente a um VP, mas ela é um designer individual, que não necessariamente é manager de ninguém. Então, o nosso mercado evoluiu no momento que existem essas oportunidades, aí eu acho que cabe muito mais a você entender o que você gosta e traçar métodos de você chegar ali. E, às vezes, é muito isso, é passar de uma empresa maior para uma menor, pegar um time que, às vezes, não é necessariamente a área que você quer, pelo menos para você conseguir aprender o que é ser uma pessoa de um nível acima do seu. E aí você vai fazendo essas trade offs ao longo da sua carreira.
Você comentou da importância da mentoria, de alguém auxiliando, mas não sendo aquele Coaching do sucesso que vai dizer “acorde motivado”, não é isso, pessoas legais que você trabalha, que tem influência. Eu fiquei com uma curiosidade: Como foi trabalhar com o Luke W?
Koji Pereira – O Luke é muito legal, é uma pessoa que tem o gênio muito forte, então não é todo mundo que lidava bem com ele. Mas de cara, a primeira semana que ele entrou a gente se deu muito bem, porque ele é uma pessoa muito objetiva, muito lógica, “isso aqui não funciona porque as pessoas não estão fazendo entrevista”, ele sempre tinha uma resposta muito objetiva. A gente sabe que, às vezes, tem umas questões subjetivas em produto, e nem todo mundo gostava disso. Eu, particularmente, a gente se deu muito bem, ele é PM Director, ele não é designer mais. O motivo no qual ele se transformou em PM, conversando com ele, é porque ele acha que design, pelo menos naquela época, para você evoluir na carreira você tinha que se tornar um people manager, simplesmente, e não necessariamente pensar em produto. O que se provou não ser necessariamente verdade, dá para fazer um equilíbrio.
E ele resolveu ficar na área de produto, que é onde ele conseguia pensar em qual é a hora certa de fazer research, no que o meu produto está errado, o que meu escopo tem que mudar, PM é um pouco designer também, e ele acabou indo para essa área. Foi muito legal, aprendi bastante com ele, a gente trabalhou bem próximo nessa parte de Social no Google Space, no Google Plus, cheguei a trabalhar um pouco no Rushdown também. Foi muito legal, eu acho que ele é uma biblioteca ambulante mesmo, é uma história ambulante de livros, Design for Forms e Yahoo, ele trabalhou naqueles que foi o início do sistema de design. Foi bem legal.
Eu acho que uma das coisas que eu gostava bastante de trabalhar no Google, é que tinha essas figuras históricas ali, eu trabalhei com um designer que até se aposentou, que trabalhou na Atari, ele trabalhou naquele jogo ET, é um jogo que não deu certo. E ele era um designer da Atari, mas era um designer que codificava, um outro tipo de designer. Mas é muito interessante essa coisa do Google de ter esse contato com essas pessoas. Eu trabalhava no mesmo prédio do Larry Page que era CEO e fundador do Google, um prédio super bonito.
Tinha uma época que ele estava com problema na garganta que ninguém sabia o que era, a voz dele mudou e começou a sumir. No Google cada prédio tem um restaurante, e tinha um prédio lá que ele ficava em um andar secreto, ele ia até de bicicleta alguns dias parece tinha um elevador secreto que só ele chegava lá. Um dia eu estava nesse restaurante, porque tinham mudado todo para vegan e eu adorava o restaurante, porque eu sou vegan e ele virou vegan por causa desse problema na garganta que ele teve, ninguém sabe, é um mistério o que ele tinha, parece que é melhorou. E eu estava um dia lá servindo a comida, aí é aqueles buffets que tem os dois lados, eu fui pegar a colher para pegar a salada e sabe quando a pessoa vai e tenta pegar ao mesmo tempo? Eu olhei, era o Larry e eu falei: “pode pegar”. O dono do Google, foi muito engraçado.
Que irado, muito legal.
Koji Pereira – É isso, ter essa exposição. Aqui no Silicon Valley é muito legal, outro dia fui visitar um amigo no Facebook, há muitos anos atrás, fui visitar ele, a gente está passando no prédio, a gente olha para o lado e está lá o Mark Zuckerberg trabalhando no aquário dele, porque ele tem um aquário lá no meio, 21h da noite, eu falei: “realmente, agora eu entendo quem é o Mark Zuckerberg, é o cara que trabalha até tarde todos os dias no escritório”.
O que você fez para melhorar o seu inglês?
Koji Pereira – Eu acho que até hoje um dos maiores problemas de designers brasileiros é o inglês. Eu tenho tentado contratar pessoas do Brasil, agora no Twitter eles abriram as possibilidades para mim de contratar uma pessoa remota, e muitas pessoas que entram em contato comigo, o problema é o inglês. Para mim, o que resolveu, eu sempre me interessei pelo inglês, música, a minha mãe me colocou em cursinho. Quando eu fui trabalhar mesmo o inglês, eu vi que eu não sabia nada, tudo isso que eu tinha estudado, cursinho, não sabia de nada, porque é um inglês informal, básico, as professoras não são nativas, o Brasil não é um país que tem tantas pessoas que tem o inglês como nativo para ser professor.
O que eu fiz, o Google pagou para mim um curso no Berlitz, que possivelmente é a melhor escola de inglês do Brasil, mas que é super caro, eu fiz aulas individuais, mesmo assim meu inglês não ficou perfeito, ainda tinham muitos problemas. Quando eu me mudei para os Estados Unidos, eu fiz um curso no Pronunciation Pro, que é um curso de redução de sotaque. Eu nunca quis perder meu sotaque, a intenção da redução do sotaque é fazer com que as pessoas entendam melhor o que você quer dizer, porque o nosso inglês no Brasil o sotaque é tão puxado que as pessoas não entendem o que você está falando. Então, esse curso me ajudou bastante.
Eu diria que esse curso, o curso do Berlitz e o fato de estar trabalhando todos os dias 100% em inglês é o que melhorou mesmo. Mas eu cheguei a conclusão, mesmo trabalhando no Lyft com essa coisa de inclusão, muitas pessoas que tem o inglês como língua secundária, é que o maior problema não é o sotaque, não é saber falar certo, porque as pessoas muitas vezes entendem, o maior problema é a confiança, é você sentir que você é confiante numa língua que não é sua, que a gente não aprendeu bem e ser o mesmo profissional ou próximo do mesmo profissional que você é na sua língua mãe, isso é o mais difícil, não só para brasileiros, como chineses, chinesas, coreanos, várias pessoas que estão aqui trabalhando. Indiano menos porque eles aprendem desde criança, não tem tanto esse problema.
Pode acontecer de o seu design ser julgado de maneira diferente se o inglês não for perfeito?
Koji Pereira – Tem a minha opinião e tem o que a pesquisa diz, tem uma pesquisa feita em Harvard, que prova que as pessoas tem vieses quando seu inglês não é perfeito, elas entendem você como menos inteligente dependendo do seu sotaque. Isso é o que a pesquisa diz. O que eu acho da minha experiência é que isso é verdade, mas é contornável a partir do momento que você tem confiança e você sabe se impor. Sabe a frase que o Mano Brown fala: “para você ser preto e ter sucesso, você tem que ser 10 vezes melhor do que as outras pessoas”.
Você tem que contornar de outras formas, escreve um e-mail, escreve um documento, na hora de apresentar checa duas vezes o que você está falando, faz uma apresentação que é muito melhor que todo mundo. É isso, você tem que buscar outras formas de exceder em qualidade para balancear a questão do inglês. Hoje eu sinto que o meu inglês é 95% do que eu era em português. Quando eu me mudei, minha performance era 50% a 60% do que era minha performance em português, me melhorou bastante, mas é difícil, onde várias pessoas que estão em certos países como o Brasil não têm tanta essa experiência com o inglês, vão às vezes ficar para trás.
Ainda mais sendo manager, que é a principal atribuição, é você conversar ler documentos praticamente o dia inteiro no seu trabalho.
Koji Pereira – Com certeza. Mas ao mesmo tempo, eu fiz disso a minha força, porque quando eu vou fazer uma entrevista, quando eu vou falar sobre mim, eu falo isso: “uma das minhas coisas principais é criar times inclusivos, porque eu sei o que é a dor de passar por um momento que você está apresentando e ninguém te entende”. Eu tinha uma pessoa no meu time no passado, que era chinesa, ela chorou comigo algumas vezes, ela falou: “cara, estou apresentando, as pessoas não entendem e as pessoas acham que eu estou brigando com elas quando eu estou apresentando”. Porque na cultura dela, ela é muito direta e a cultura californiana é uma cultura muito indireta, maquiada, parece soft, entendeu? Mas não é, é mais uma forma de polimento, de expressão que é diferente.
Koji, precisamos encerrar esse episódio. Você pode dar seu último recado.
Koji Pereira – Primeiro agradecer novamente vocês dois, eu acho que foi super legal esse formato. A primeira coisa que eu lembrei que eu queria dizer, um outro livro que se chama Culture Map, Mapa de Cultura, é um livro que eu indico para quem está passando por isso, para entender uma cultura diferente, uma forma de expressar diferente, eu acho que é bastante legal. Tem algumas questões nesse livro que eu acho que são um pouco delicadas, mas eu acho que a autora teve a nuance de trata-las com respeito. Outra coisa, comecei um podcast durante a pandemia, na verdade dois. Um deles é a ideia de ser uma conversa bem aberta, que é o Ziriguidum Tech, que é em português, mas a gente só fez dois episódios até hoje.
E o outro é o Cells and Pixels que é em inglês, que vem de uma live no Instagram que eu conversei com John Maeda, conversei com Audrey que é designer na Lyft, com Luke W também, enfim, o Cells and Pixels era uma forma de reconectar com pessoas fora do trabalho e ter uma conversa mais descontraída, conversa de elevador com essas pessoas. Eu acho que é isso, espero que essa conversa tenha sido útil para algumas pessoas refletirem sobre a carreira e eu estou sempre aberto, a mentorship, conversar com pessoas, tenho oferecido essa conversa para startups também, se alguém tiver alguma ideia, tiver desenvolvendo alguma coisa e tiver desenvolvendo uma opinião, pode me procurar, meu site é kojipereira.com e cellsandpixels.com que é o podcast.
Legal, vamos colocar nos comentários desse episódio, você que está assistindo ou lendo, está tudo escrito no episódio e na transcrição do episódio. Koji, muito obrigado.
Agradece e encerra