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TEMPORADA 2 - EPISÓDIO 7

Felipe Guimarães

Temporada 2 Episódio 7 – Felipe Guimarães
PROJETO: Desenhando Produtos
TRANSCRIÇÃO: Lady González

Felipe é um designer líder, certificado em UXMC pela NN / g, com cerca de quinze anos de experiência em design thinking, pesquisa de usuário, estratégia UX e design visual. Ele gosta de incorporar design centrado no usuário, diferentes métodos de pesquisa e workshops para definir melhores declarações de problemas, validar a hipótese e projetar soluções. Ele já trabalhou com empresas (Pivotal Labs, VMware, SAP, Microsoft e CEMEX) e startups no Reino Unido, Europa, México, EUA, Austrália, Canadá e Brasil.

Ensinar é outra paixão dele. Como fundador da Aela.io – uma plataforma de educação online sobre design – ele já ajudou alunos a conseguirem ótimos empregos em todo o mundo.

Hoje nós temos um convidado especialíssimo aqui. Ele é fundador da Aela, é professor, consultor e eu vou apresentar ele do jeito que eu mais gosto. Ele é design. Felipe Guimarães, seja muito bem-vindo.

Felipe – Obrigado pelas boas vindas, é um prazer estar aqui e vamos ver com o que eu posso contribuir nesse bate-papo.

Vamos falar sobre você, sobre a sua história. Fica livre para contar do jeito que você quiser.

Felipe – História é sempre uma coisa complexa, longa, torta e que vai se ajustando em alguns momentos que você menos espera, mas vou tentar resumir. Sou design há 15 anos oficialmente, por questão de ter feito faculdade, estar tralhando. Antes disso fui o guri de 16 anos que criava imagem para fórum e 3D para joguinhos e coisas assim, eu me envolvo com essas coisas tem muito tempo. Eu sempre fui muito doido pela arte. Quando novo, eu gostava de pintar, desenhar, fazia isso tudo, mas eu vim de uma família, no Rio de Janeiro as coisas não eram muito explicadas. De onde eu vim, da família que eu vim, eu nem sabia o que era design. 

Para mim o contato que eu tinha com design, era minha mãe que era arquiteta, para mim designer fazia design de interiores. Não tinha noção que dava para ganhar dinheiro com arte, com design, com outras coisas. E como eu era envolvido com game, eu fazia programação, eu tive meu servidor de jogos online quando tinha 15, 16 anos, automaticamente todo mundo: “você tem que fazer faculdade de informática”. E fui, detestei, me dava dor de cabeça em tudo que é aula, por mais que fosse bem. Aí uma prima me falou: “você desenha, pinta, tinha que fazer design”. 

E eu fui pesquisar, descobrir, era faculdade de desenho industrial, misturava tudo, você aprendia o design físico, o design gráfico e paralelo a isso eu era apaixonado pelo 3D da Pixar que estava começando. Eu tinha coleção em casa de DVD, isso é para quem é um pouquinho mais antigo, tinha os extras, os make in offs, praticamente todos os filmes de efeitos especiais ou da Pixar eu tinha em casa. quando comecei a fazer faculdade, eu decidi: vou fazer isso. Fui estudar 3D Max, fui estudar After Effects, fiz um pouco de comercial para TV. E por um acaso na escola onde eu estudei 3D, eu tive a oportunidade de dar aula de 3D para criança, eu me desenvolvi bem, me chamaram para dar aula para uma garotada de 12 anos. 

Descobri que adoro ensinar, desde então, nunca mais parei. Muita coisa mudou porque fui freelancer por um tempão da minha vida por falta de oportunidade mesmo, porque foi mais prático, isso em 2005, 2006. “Você é designer, faz site”? “Faço, vamos lá, o que você precisa”? Quando eu vi, eu estava com um monte de cliente, montei meu estúdio, tive por uns 5 anos e foi a minha transição de 3D, animação para Web Designer, fui me envolvendo com startups e UX, quando eu vi foi um caminho sem volta, eu gostei disso. E um mix de empreender com aprender marketing, a minha história é muito torta, quando as coisas estavam bem, a economia do Rio estava uma porcaria, eu desisti de ter meu estúdio, fui para São Paulo, trabalhei na Uol um tempo, eu tinha abandonado a ideia de ir para fora do Brasil que era algo que eu queria quando moleque, mas eu estava da minha família: “isso não é para você, a gente não tem grana, não tem como você fazer isso”. Eu nunca tinha viajado para fora de férias e nem nada. 

Antes de ser designer, eu trabalhava em banco, fiz um cadastro numa faculdade do Canadá, me ligaram, eu gaguejei muito, desligaram na minha casa. Quando eu estava em São Paulo, eu já estou longe da minha família, é um ônibus de distância e eu estou longe, estou sozinho aqui, se for para ficar sozinho, fico sozinho em qualquer lugar. Voltou a ideia de ir para fora do Brasil, pensava em ir para o Canadá, estava juntando uma grana, no meio do caminho eu estava envolvido com Choco La Design, alguns amigos falaram: “vem para Dublin, a Europa está maneira”. 

E quando eu fui ver, eu já tinha dinheiro para isso, beleza. 2 meses eu estava em Dublin, foi loucura. Melhorei meu inglês, não gostei de morar em Dublin, fui para Praga visitar um amigo que era DJ, final de ano, amei a cidade, se passaram 4 anos, acabei emergindo em enterprises, ajudei várias transformações digitais, fiz coisas bacanas. Ajudei um tempo nós SAP, fazer meio que uma ponte de Praga para os Estados Unidos porque o time de design era lá e aqui tinha 50 programadores e nenhum design ou pesquisador, eu estava fazendo um meio de campo. 

Chegou o momento que me convidaram para ir para a Pivotal Labs em Londres, que era uma empresa que eu respeitava e admirava para caramba, fui para lá e aprendi para caramba, atuei com clientes bem bacanas que não tem como abrir nome, mas foi muito divertido. Não curti Londres, não curti a pandemia, eu e minha esposa decidimos voltar para Praga e aqui estamos desde dezembro, desde então, eu assumi que sou consultor independente, que é meio que o PJ no Brasil. 

Fico um tempo numa empresa, não contrato, ajudo em alguma coisa, até o momento que eu vejo que vai para o próximo. Mais ou menos é um resumo geral e como você falou, em paralelo sou fundador da Aela, já ajudamos centenas de pessoas a ingressarem nesse mercado de product design, UX, hoje mesmo teve mais uma aluna que mandou mensagem que conquistou vaga. Então, isso é muito bom, é uma coisa que me completa muito. 

Uma das coisas mais legais de dar aula, é quando alguém manda uma mensagem um tempo depois dizendo: “você me ajudou”. Parece que fecha um ciclo, parece que a coisa se completa, fez sentido aquilo que a gente fez lá atrás. Sendo contractor, você está como consultor independente, como você vive do ponto de vista legal em Praga? Como você se mantem não tendo um contrato oficial na empresa? Ou como funciona?

Felipe – Eu não faço parte do grupo sortudo de pessoas que tem passaporte europeu, infelizmente eu não tenho, adoraria ter, facilitaria para caramba minha vida. Desde o início sempre fui pelos caminhos corretos. Sempre verifiquei qual visto eu tenho que fazer. Quando eu fui para Dublin foi visto de estudante, bem prático, fácil, se você quer estudar inglês, você vai lá e paga, tira o visto e pronto. 

Te permite trabalhar part time, se for alguém que tem uma experiência legal, dá para estudar inglês e meio período você trabalhar para alguma empresa, alguma agência, fazer contrato. E em alguns países você tem visto de trabalho. Quando eu fui para Londres, eles fizeram. Empresas grandes e boas fazem o pacote completo, para Londres bancara tudo, minha mudança, visto, visto da minha esposa, seguro saúde, você só se preocupa em pegar o avião. Mas tudo vai redondo, aqui em Praga como consultor independente existem alguns países que tem vistos que se aplicam para freelancers. 

É muito natural a gente pensar nesses dois vistos, de estudante e de trabalho. Mas existe uma infinidade, existe visto que alguns países chamam de talento, Estados Unidos tem, mas lá eles chamam de alienígena. Cada país tem uma penca de vistos, Alemanha tem um de freelancer, pelo que eu já pesquisei, é bem fácil para quem tem uma estrutura. Basicamente se você tem dinheiro guardado e está a fim, vai para lá, aluga um apartamento, vai num órgão com a papelada, dá entrada, espera sair e acabou. Aqui na República Tcheca tem um visto de freelancer também, você toma conta das suas coisas. 

Quando eu tirei em 2016 ele era um pouco mais simples, hoje ele é um pouco mais complicado para você juntar toda papelada. Eu ainda considero tranquilo porque eu fiz de novo, quando eu vim para cá e estava em Londres, eu fiz de novo esse visto para eu voltar. Considero um pouco mais fácil porque eu conheço aqui, eu moro há tantos anos aqui e eu tenho amigos, conheço consultores de visto, pessoas que fazem contabilidade. Eu tenho esses contatos, o que me facilitou. 

Mas para alguém que vai aplicar a primeira vez, hoje está meio enjoado, tem detalhes que são até meio burros, quando eu leio o que eles pedem, não faz sentido. Mas você tem que cumprir. É meio que isso, todos os países tem, eu acho que Dubai tem algo assim. Para quem tem interesse nesse tipo de coisa, pesquisa no país que você está a fim para saber o que tem. Inclusive que a Espanha lançou alguma coisa para digital nômade, quem tem um ganho em paralelo e está a fim de ficar na praia, parece que está rolando. Vale a pena pesquisar. 

Na praia mesmo ou na consultoria?

Felipe – Na praia mesmo, pé na areia.

Você teve passagem por várias empresas, onde você viu que precisa aprender inglês? E o que te ajudou a aprender mais rápido ou melhor?

Felipe – Eu tenho uma personalidade meio complexa, porque eu sou meio fissurado por estudo, metódico para caramba e inclusive, transmito isso para meus alunos de design e tal. Hoje eu estou fazendo um mestrado de gerência e design, quando eu estou estudando alguma coisa, eu percebo que sou metódico, organizado e tudo. Agora, se tiver estudando qualquer coisa que eu não goste, sou o pior aluno possível, eu sou o aluno que faz o trabalho na última hora porque está sem tempo, eu não me orgulho disso, mas é verdade. E por que eu estou falando isso? Nunca gostei de estudar idioma nenhum. 

Nunca gostei de estudar inglês, sempre fiz vários cursos e nunca aprendi nada, eu acho que meu maior aprendizado, quando novo eu escutava muito vídeo aula, principalmente de 3D na época, não tinha acesso no Brasil. Eu queria estudar como o cara estava fazendo o transformer, sabe? Fazendo aquelas coisas de filmes e aí eu escutava em inglês e meu ouvido foi trabalhando, com jogos também, eu sou gamer também, sempre costumava colocar os jogos em inglês. 

Quando eu cheguei em Dublin, eu tinha meio que um preparo de ter estudado mesmo que aos trancos e barrancos e de ter esse ouvido preparado. Meu problema ali era timidez para falar. Quando eu cheguei para falar inglês, foi mais para tentar me soltar na fala, eu achava que eu ia chegar em Dublin e em 3 meses eu ia estar de boa, isso não aconteceu. Porque chegou lá, eu só conhecia brasileiro, eu ia tomar café em qualquer lugar, chegava lá quase que gaguejando para pedir um café e a pessoa: “você é brasileiro”, um café e um bolo, por favor. Dublin tem brasileiro em toda esquina, não ajudou muito. Quando eu cheguei em Praga, era tcheco. 

Eu não vim preparado para cá, Praga aconteceu na minha vida totalmente por acaso, um amigo me convidou, eu falei: “por que não”? É um voo barato de Dublin para aí, dá para fazer isso agora. Entre tomar a decisão e vir, foram 2 dias. eu me liguei que é quase russo, não tem como entender nada, eu não sei nem o que está escrito nas placas. Quando eu cheguei, não conseguia entender placa de ônibus, placa de metrô, eu tinha algumas soluções, chegar num lugar e tentar falar em inglês e rezar para eles me entenderem ou fazer mímica.

E no fim eu fiquei bom nas duas coisas, vários lugares me entendiam em inglês, aí eu consegui pedir o café, fui perdendo a timidez, até porque o inglês dos tchecos naquela época não era tão avançado, eu fui percebendo que o meu sotaque de brasileiro está tranquilo. O que importa no final é o pessoal me entender e eu entender, eu fui me soltando, fiquei 1 ano trabalhando remoto, dando aula online, fazendo várias coisas assim. 

Chegou um ponto que eu decidi me jogar no mercado aqui, isso foi em 2016. Aí eu peguei um primeiro freela, foi curto, isso antes da pandemia, eu ia para o escritório todo dia. Mesmo sendo uma empresa pequena tinha gente te tudo que é canto, indiano, grego, tcheco, britânico, era uma mistura de sotaque, no primeiro dia eu não entendia ninguém. E no final da primeira semana parece que o ouvido vai começando a trabalhar, entender e você vai perdendo o medo, vai se soltando. Eu acho que é sempre isso, em vários momentos a gente vai ter medo, eu quanto cheguei em Londres, fiquei com medo de novo e ao sotaque britânico, aqui o inglês tem que ser perfeito. 

E aí eu sou consultor, depois você se solta de novo e aí vai. Então não teve um momento na minha carreira que eu falei: “preciso aprender inglês”, sempre fui me virando para ler livros em inglês, escutar aulas em inglês. Muito do bota vamos, sabe? Um momento que eu me joguei para trabalhar, vai ter que dar certo e fui desenvolvendo inglês em cima disso, não que seja o melhor caminho, mas foi o meu.

Queria que você comentasse um pouco com relação às empresas assim, a questão do inglês. A gente cria uma certa expectativa de que tem que ser falado perfeitamente, essa cobrança vai vir da empresa, você tem que entender, tem que se comunicar de uma forma excelente, eu acho que a gente tem esse paradigma no Brasil para a Europa, Estados Unidos, Canadá que seja, isso tem que ser perfeito. E na sua visão, como foi?

Felipe – Essa pergunta é muito interessante, porque eu já respondi elas algumas vezes e eu acho que eu fui modificando a minha forma de responder. Hoje você perguntou se tem que ser perfeito o idioma e a comunicação, a minha resposta é que precisa ser quase perfeito, a comunicação, não o inglês. 

Eu acho que esse é o ponto que a gente se confunde muito, se você chega numa empresa, ainda mais se tiver um papel de consultor ou se você for para uma empresa muito grande, é esperado que você se comunique próximo de perfeitamente. Principalmente se você vai para um cargo sênior, eu acho que aí a coisa muda se você for para um cargo júnior, mas o que eu falo perfeitamente não é você chegar ali com aquele sotaque incrível e bonito, não é isso, porque ninguém faz isso, você pode falar tudo troncho, só que as pessoas precisam se entender. 

Se você consegue falar de um jeito onde as pessoas te entendem e você também está entendendo, está tudo certo. Se você consegue abrir um confluence, um notion ou qualquer documento e sair escrevendo em inglês mesmo que use um tradutor para lembrar de uma coisa ou outra, nós brasileiros aprendemos se virando desde novo. Mas no fim, a perfeição é meio que o resultado dessa coisa, o trabalho precisa acontecer, o trabalho não pode ser impactado por conta da sua mudança de idioma, isso que as empresas não querem, já vi pessoas perderem vagas e profissionais excelentes que são ótimos designers, mas não conseguiram vaga por conta disso. 

Às vezes o inglês daquela pessoa não era nem ruim, mas o medo da pessoa se comunicar em inglês, transforma a comunicação daquela pessoa em ruim, aí não rola, muitas vezes o medo atrapalha.

E queria que você contasse, eu vi que tem umas passagens bem interessantes, você já trabalhou na Microsoft também.

Felipe – Foi uma passagem rápida.

E como foi isso?

Felipe – Nós brasileiros criamos uma coisa com grandes empresas como se fosse: “meu Deus, tal empresa”, qualquer uma grande, “uau, que incrível, que sensacional, como é que chega lá”? E são empresas como qualquer outras, tem todos os problemas como qualquer outra, entram e saem pessoas como qualquer outras, tem mais competição para entrar, tem uma série de detalhes, a pessoa tem que estar preparada e tudo mais. 

Mas enfim, eu queria desmistificar um pouco essa história, “como eu chego em tal lugar”? Qualquer pessoa que está a fim chega em qualquer lugar e as empresas são muito similares, só vai ter uma competição a mais. Dito isso, no meu caso específico com a Microsoft, foi um caso muito nada a ver. Eu nunca apliquei na Microsoft, uma coisa que eu já comentei com alunos meus, para mim a sua melhor ferramenta de venda como designer é a qualidade do seu trabalho com aquele time, então você está num lugar que você detesta, não importa o motivo, se você conseguir fazer um trabalho minimamente bom a ponto de ajudar aquele time a ir para um degrau a mais e lembrarem disso, essa é sua melhor ferramenta de venda. 

Porque isso vai se acumulando ao longo dessa carreira, 10 anos depois são várias pessoas que vão lembrar como foi trabalhar com você. Se foi bom, vão te contactar, foi basicamente isso, basicamente alguém que eu trabalhei no passado e falou: “estamos com um contrato temporário na Microsoft, precisamos de tal coisa, está a fim”? E por acaso eu estava voltando para Praga, falei: “por que não? Não tem nada decidido, mas a gente conversa”. E aí rolou, foi bem simples.

Você trabalha muito por contrato, alguns períodos ou no começo da sua carreira você já foi desde o começo consultor ou não? Entrou numa empresa e em qual momento você entrou na sua carreira e falou: “quero seguir nessa carreira de consultor porque para mim é melhor”?

Felipe – Minha história é meio torta, ela não é linear. Quando eu estava no Rio em 2005, 2006 por aí, o mercado era forte para visual design, para design gráfico e impresso. Eu lembro que tinha muita vaga para quem era ótimo em editorial, para quem era ótimo em criação de logotipos, trabalhar com branding como um todo, tinham muitas vagas e salários bacanas. 

E eu não gostava dessas coisas. Naquela época, o Corel Draw dominava essa área, não era regra, mas tinha um certo domínio e eu não sei te explicar o motivo até hoje, mas eu testava o Corel Draw com todas as minhas forças, eu não conseguia usar aquele software. E achava que meu problema era com vetor, fui descobrir que era algo pessoal com Corel Draw, porque quando eu conheci o Illustrator, falei: “beleza, gostei mais”. Mas isso fez a minha carreira ser muito torta porque vários colegas do início da faculdade estavam arrumando estágios em estúdios de design conhecidos, tudo mais e não rolava para mim. Primeiro que eu não queria, segundo que se eu tentasse, não ia conseguir porque não era o tipo de coisa que eu tinha no portfólio sabe? A mesma coisa que eu ia fazer, por mais que não ficasse feliz, não tinha aquele carinho para fazer com uma qualidade alta e tudo mais, eu estava fazendo outras coisas.

Com isso fui para o 3D que era algo que me dava felicidade e tal, na época o Flash estava no auge e eu fui aprendendo a fazer animação, conectar com 3D e fazendo sites muito loucos. Para quem é dessa época talvez lembre, a área de moda estava gostando. Com isso começou a rolar muito freela para mim, com essa mistura de coisas que poucas pessoas faziam naquela época, começou a rolar muito freela. Fiz um e vinha alguém: “que legal, queremos também”. Naquela época também rolava um negócio de venda de template para Flash, para site, a gente fazia tudo minimamente desenhado nos detalhes, interface, toda animação, todo o 3D com o action script que a gente fazia. Tinha um CMS que a gente criou na época em PHP, eu tinha um sócio programador, a gente fez tudo do zero, tudo conectado e no final o site funcionava, o cliente abria o CMS, colocava os dados e o site Flash recebia, era assim: “que lindo”. 

E para a época, isso tudo era meio raro, tinham duas ou três empresas grandes no Brasil que faziam isso e alguns moleques, eu era um desses moleques. Com isso peguei um monte de freela, peguei um estúdio e foi uma coisa: “eu estou ganhando dinheiro fazendo isso, estou contratando pessoas, tenho sócios, eu não vou procurar emprego, não faz sentido”. Lógico que isso me trouxe desafios, esses sócios era eu como principal design, um programador, tinha outra pessoa que era de make de criação, tratamento de imagem, manipulação, essas coisas. Cadê a pessoa de vendas? Cadê a pessoa de marketing? Business? Não existia, a gente era novo, não sabia nem que precisava disso, ninguém falou isso para a gente. 

Aí eu virei esse cara porque eu precisava vender, eu comecei a fazer reunião, resolver pepino, verificar pagamento, voltar, fazer gestão do time inteiro, ter certeza que o design estava alinhado com a programação, se estava alinhado com marketing, alinhado com pedido do cliente, depois o cliente não queria mais, volta e garante que o time está bem. Eu comecei a fazer esse meio de campo geral que é quase que um diretor de criação mais manager de business e sei lá o que. E foi muito por necessidade, não foi por escolha, mas eu senti prazer nisso, eu gostei porque eu sou uma pessoa curiosa, eu gosto de aprender coisas novas. Para mim, virar consultor na Europa foi o caminho mais natural o possível, eu já sabia fazer isso. 

Enquanto algumas pessoas tem medo: “como vai ser sua contabilidade, como você vai pagar imposto”? Beleza, eu só vou conversar com alguém para ver como é isso nesse país e pronto, vou fazer. Eu vou lá, contrato alguém para isso. É muito doido, porque eu tenho mais medo de pegar um emprego fixo de carteira assinada do que fazer esse tipo de coisa, porque é natural para mim. Mas eu tive dois empregos fixos que foi um ano na ASSAB e um ano e meio na Pivotal Labs em Londres, nesses dois foi carteira assinada, um emprego formal. No Brasil eu nunca tive carteira assinada como designer.

E atualmente, como e ser consultor? As empresas chegam até você? Tem alguma coisa que você fala: “acabou meu trabalho nessa empresa, como me conecto à outra empresa”? Como é isso para você?

Felipe – Entram várias estratégias, eu não tenho muito tempo para aplicar estratégia, porque acaba que a vida é corrida para eu trabalhar e também tem consultoria de educação, tem muita coisa que a gente faz ali, os alunos e tal. Em geral não faço uma estratégia de marketing para mim como consultor, por mais que eu tenha conhecimento disso, eu poderia e não faço por falta de tempo. Eu consigo clientes por histórico, algum lugar que eu trabalhei, que curtiram meu trabalho, eu conheci pessoas, peguei algum depoimento e depois em algum momento vai rolar de novo. 

Tem algumas empresas que eu passei que tem o famoso grupo de… a Luminis, saiu um monte de gente da empresa, mas o pessoal adorava aquela empresa e aí está todo mundo lá, por dia postam de 5 a 10 vagas no mundo todo, tem várias frentes. Sem contar que o LinkedIn é um monstro, às vezes a gente fica até meio doido de tanta vaga que vem, você desabilita e continua vindo. Cara, calma, agora não dá. Então é um mix de todas essas coisas, no fim eu vou meio que decidindo quando faz sentido fazer o que. 

Queria falar sobre a escola, qual o papel da educação para você? Eu sinto que há uma ansiedade do tipo: “eu sou júnior, como vou conseguir emprego? Eu já tenho emprego, quando eu viro sênior”? Qual é o papel da educação para mitigar um pouco essa ansiedade e dar um pouco de senso de realidade para as pessoas?

Felipe – Meu olhar para a educação eu considero diferente, primeiro que eu sou design. Esse meu caminho de educador aconteceu em paralelo, eu escolhi ser designer, mas não escolher ser professor, aconteceu, eu gostei e a coisa foi evoluindo. Então, para mim, eu como designer e também professor, eu e a minha equipe tem um papel importantíssimo, demais assim, para garantir que a próxima geração ajude a indústria. Então não é apenas como a gente ajuda a próxima geração a serem bons designers, esse é um ponto. 

A gente precisa ajudar a galera a serem excelentes designers e eu não acho que ser bom é suficiente, porque o mercado está muito doido, está bombando e tem muita coisa esquisita acontecendo. É possível ser excelente, desde que a pessoa estude da forma certa, isso é uma coisa que a gente busca. mas entra o lado da indústria, imagina que hoje a gente está com uma turma de 50 alunos estudando. Daqui a 10 anos esses 50 ou quem escolher ficar no mercado, já vai ter um tempo de mercado, vai estar sênior e tudo mais. Qual o impacto que a gente gerou na indústria como um todo com essas pessoas? E se naquele momento eu tiver contratando, eu vou querer contratar essas pessoas? 

Para mim como professor, é um pensamento meio que 360 o da coisa. E tem um outro olhar meio maluco, mas eu sinto que eu faço design em um monte de empresas a partir do momento que eu ajudo novas pessoas a se tornarem designers e atuarem em outras empresas. Isso para mim é um sentimento muito bom, não sei se faz sentido para vocês, é uma coisa, eu trabalhar na empresa X, outra coisa é eu ensinar 100 novos designers, eles se tornarem excelentes, irem para o mundo e daqui a pouco um está no Facebook, um está no Udemy, um está em Twitch, Nubank e por aí vai. E depois você olha e fala: “caraca, olha o impacto disso, tem uma pincelada minha mesmo que um pouquinho em cada uma dessas pessoas e o impacto nas empresas, na indústria de design como um todo”. Eu acredito que professores precisam pensar na indústria como um todo e ajudar a indústria a evoluir, para se tornar melhor e tornar o Brasil mais próximo o possível do mercado internacional em questão de impacto, de conhecimento, de valores, de tudo. 

E você tocou no ponto da ansiedade, isso é verdade, eu tenho percebido muito isso, de 2-3 anos para cá eu percebo que isso aumentou muito. Não é fácil, não é nada fácil, você tem alunos que se dispersam, que às vezes não conseguem entender que é preciso ficar talvez um ano estudando tal coisa para ficar muito bom e ir conseguir ir para o mercado, não adianta ele pensar: “quero ir em um mês”, não vai rolar. Por mais que existem cursos que falem por aí: “se torne X em uma semana, em um mês”, não vai rolar, se você conseguir uma vaga assim, provavelmente essa vaga não é tão boa e o mercado está muito bombástico. Para você se tornar um bom júnior, você vai precisar de bastante estudo, bastante dedicação, não é um mercado fácil, ser designer hoje nesse mercado é muita coisa que você tem que estudar, aprender, a ansiedade, só atrapalha. 

E para mim, qual é o papel dos educadores? É ajudar seus alunos a ficarem um pouco menos ansiosos, voltar e focar nos estudos, e como se faz isso? De mil maneiras. Primeiro que você tem que identificar quando seus alunos estão fazendo isso. No nosso caso, a gente marca algumas aulas, que a gente chama de Coffee Time, para ficar conversando sobre qualquer coisa. E aí pessoal, como vocês estão? O que vocês querem conversar? Qual problema vocês tiveram? E a gente fica ali. É quase um mix de professor com psicólogo. Você fica ali batendo bola, conversando, é isso e isso ajuda um pouco a colocar a cabeça no lugar e estudar. 

Além disso, a gente cria algumas aulas também para falar sobre o impacto da ansiedade nos resultados que você quer ter, como isso só te atrapalha e por aí vai. Inclusive a gente tem um canal no slack da comunidade que tem esse nome, controle de ansiedade, a gente passa conteúdo, passa um monte de coisas. Eu acredito fortemente que é responsabilidade total de qualquer professor, qualquer educador de ajudar os alunos sobre isso. Não é apenas técnica, não adianta ficar ali só falando de pesquisa, de Figma, no fim do dia o que importa é o que aquele aluno conseguiu aprender com você e ele conseguir ir para o mercado crescer? Senão você não teve um impacto tão interessante assim.

Em relação aos inputs e outputs, eu vejo muita gente escolhendo o design porque é uma oportunidade de ganhar mais dinheiro e não está errado, talvez seja um período para a pessoa, uma fase de adaptação ali, mas na prática a gente sabe que precisa continuar estudando e é muito difícil a gente estudar uma coisa que a gente não gosta. E a gente sabe que precisa continuar estudando, não tem como parar de estudar, porque senão você vai ficar para trás. Como é na sua visão a projeção de impacto disso, de pessoas que porventura estão escolhendo design, mas não são pelos motivos certos? Se é que há um motivo certo para isso.

Felipe – Cara, eu acho que dá para filosofar em cima disso aí, a gente ficaria umas 5 horas falando, esse tópico eu acho que é complicado para caramba. Vou pincelar algumas coisas que me vem em mente, quando eu escolhi fazer design, eu comecei fazendo programação, já naquela época era uma profissão que pagava bem, mesmo muitos anos atrás, o pessoal já ganhava bem no Rio de Janeiro. Eu fui fazer porque eu vi conexão com games. Uma coisa que eu não falei, eu tinha uma das melhores notas em todas as aulas que eu fiz de programação na sala, quando não era a melhor, era a segunda ou terceira.

Eu ia muito bem com programação, eu sei que eu aprendo programação se eu quiser, só que me dava dor de cabeça e eu ficava fulo da vida, no 2º semestre eu comecei a faltar uma penca de aula para ir para o Fliperama, eu era novo. Então, ali se fosse só pelo dinheiro, ficou claro que eu não ia dar conta porque eu não gostava daquilo, eu não tinha conexão com aquele negócio. Mas eu poderia, se eu virasse programador aquela época, eu poderia ganhar um bom dinheiro, eu tinha facilidade para aprender aquilo. Mas como eu vou trabalhar com algo que me dá dor de cabeça o tempo todo? Como eu ia ficar 8 horas por dia fazendo um negócio que me dá dor de cabeça? Não tinha como. Quando eu fui fazer design, a minha família não tinha dinheiro para pagar minha faculdade de design, o meu salário não pagava. 

Na verdade, se eu pagasse com o meu salário, não ia sobrar nem o dinheiro para comprar coxinha, ia meu salário inteiro e eu trabalhava em banco na época, a faculdade de design era bem cara naquela época. Eu consegui arrumar formas de a família me ajudar um pouquinho aqui, um pouco lá e eu fui fazer. E todo mundo, isso foi em 2005, eu escutei de todo mundo da minha família: “cara, você é maluco, você não vai ter emprego, você vai morrer de fome”. Porque aquela época ser design não era uma coisa com prestígio, os salários não eram altos, era complexo. E no meu caso, minha mãe fez arquitetura, mas decidiu sair porque não deu muito certo para ela. 

E querendo ou não, tinha uma proximidade, ela tinha mais medo ainda e ela passava esse medo para mim. Só que eu era moleque, era novo, não tinha responsabilidade, não tinha que cuidar de uma família, as contas que eu pagava minhas, eram básicas, meu celular, minha internet, não é nada que vai virar um problema, entende? Tipo, preocupação zero. E aí eu fui: vou fazer design, desenho industrial, aula de história da arte, desenho de figura humana, a gente ia para o parque ficar desenhando planta. Eu fiz desenho de planta com aquarela, eu falei: “cara, que maneiro é isso que eu quero”. Me achei, adorei, só que eu tinha essa conexão com o 3D, com a animação, foi indo, aquela época era uma coisa que a Pixar fazia, depois veio a DreamWorks, alguns pequenos estúdios, LucasArts, faziam isso para cinema. 

E foi muito específico, muito exclusivo fora do Brasil, imagina no Brasil, não tinha quase nada e só o que tinha era publicidade, mas nunca foi uma área muito fácil de se trabalhar, nunca foi uma carreira muito interessante porque sempre sacrificou muitas horas e pagou pouco. Mas eu gostava daquilo, eu fiz a faculdade, trabalhei com publicidade, meu 1º estágio ganhei R$ 400 e eu não tinha nem ticket alimentação, nem ticket passagem, era R$ 400 na mão, toma e seja feliz. E como eu fazia? Fui fazer freela, antes eu ganhava um salário que se eu fosse pagar a faculdade, ia o salário inteiro, os R$ 400 eram menos da metade desse salário, ganhava R$ 1.000 antes, R$ 400 era menos da metade e eu já estava fazendo faculdade, eu tinha que fazer freela para as coisas fluírem. Enquanto isso, minha família estava falando que eu era maluco. Eu fui maluco? Total. Não tinha nada me dizendo que no futuro, design ia ser a profissão que é hoje, eu fiz muito por paixão, aquilo me fazia feliz, eu gostava. E de novo, eu era novo. 

Eu acho que a gente tem que jogar na balança isso tudo, se eu fosse alguém na idade que eu estou agora, com outras preocupações, eu não poderia ter feito essas loucuras todas que eu fiz, porque dinheiro para mim se torna importante, você tem que pagar uma série de contas importantes, às vezes a pessoa tem filhos e tudo mais, é complicado. Eu também entendo quem decide dar uma mudança de carreira pelo dinheiro, todo mundo quer dar uma vida melhor para si, para a sua família, isso eu não acho que tem nada de errado, isso é certíssimo, só que é preciso um equilíbrio, você precisa ter movimentos calculados. 

Você não precisa ser apaixonado por design que nem eu fui com 3D, com animação e com game, você não precisa ser apaixonado, mas você não pode detestar, igual era meu caso com programação, pensa que talvez para os próximos 10-15 anos você vai ficar trabalhando com aquilo 8 horas por dia ou mais, tem que ser uma coisa que você se sinta ok, no mínimo você tem que se sentir ok, “está tudo bem, eu não amo isso aqui não, mas está tudo bem”. E você sabe que vai ter que estudar, às vezes você não vai estudar todo dia, mas você sabe que de vez em quando tem que ir para uma conferência, de vez em quando tem que ler um livro e você vai evoluindo e tudo bem. E eu conheço um monte de pessoas assim, eu não estou falando de brasileiros, eu estou falando de um mundo a fora, realmente está tudo bem, você está ali fazendo seu trabalho, ganhando seu dinheiro, é para isso que o trabalho existe, para ganhar seu dinheiro, bancar suas contas e você seguir em frente. 

É lógico que o melhor dos mundos é fazer algo que você ama, no fim você vai perguntar: “Felipe, você faz algo que você ama”? Sim e não, é uma mistura tão complexa porque se for pensar, eu faço design, mas não o design que eu iria fazer no início, lá no início eu queria fazer 3D, game e tal. Hoje eu trabalho com Entreprise, tem software que é chato para caramba, mas eu curto o processo, eu curto fazer pesquisa, curto desafiar stakeholders, sabe? E no final ver eu aquilo deu certo, ajudar as pessoas. Então, isso me dá um pouco de prazer. Hoje se eu quisesse ir para game, não seria difícil, eu tive duas oportunidades de fazer isso dentro da parte de UX e eu decidi não fazer, foi uma escolha financeira. Porque a área de game está pagando menos da metade do que a área de Entreprise e eu já estou num patamar bom. 

Entra aquele negócio, onde eu estou não está ruim, eu estou satisfeito e eu gosto do que eu faço, eu ganho bem, por que eu vou mudar para algo que eu nem sei se eu vou gostar? É mais a paixão que eu tinha lá atrás e que eu vou ganhar metade? Não, talvez num outro momento, mas agora não. 

Para mim é um equilíbrio, mas quem escolhe fazer só pelo dinheiro, eu acho que vai quebrar as pernas. Porque em algum momento essa pessoa não vai evoluir, vai ser um profissional ruim, vai acabar sem bater cabeça aqui e ali, em algum momento pode acabar desistindo da área, a coisa é complexa, só para fechar esse ponto, eu lembro de colegas de faculdade, quem começou comigo e há uns anos atrás eu tive contato com alguns, devia ter 40 pessoas na turma, algo assim, não me lembro direito. E eu fui perceber que a grande maioria não atua mais com design, alguns viraram vendedores, qualquer coisa, naquela época onde design gráfico estava bombando, esse pessoal gostava e para mim eu estava fora. 

Mas o mundo vai mudando e a gente tem que percebendo as mudanças e se adaptando, enfim, a gente tem que ir percebendo essas mudanças. Por isso que eu falei que dá para filosofar, é complicado esse tópico. 

Eu me lembro, quando eu fiz a formação em design, eu fiz a graduação em design, tinham umas 37 pessoas junto comigo, se formaram 60 pessoas, tinham algumas turmas diferentes e faziam formação. Quando a gente pega o retrospecto e vai olhar as pessoas 12 anos depois, 15 anos depois, a maioria das pessoas não trabalha mais diretamente com design, elas foram para outras áreas. Exceto pessoas que tinham já aquela paixão que era nítida. Tinha um colega que o cara passava o dia inteiro fazendo 3D, foi trabalhar na DreamWorks, ele ficou um tempo como freelancer e hoje está lá trabalhando com animação de personagem. E para a gente fechar, tem alguma mensagem que você passaria para essa nova geração que está chegando no design? 

Felipe – O mundo está doido para caramba, essa questão da ansiedade que você tocou, que está todo mundo ansioso. Para mim a profissão do momento e do futuro é a dos psicólogos, esse pessoal vai ficar rico, está todo mundo precisando, não tem muito jeito. Só que se você está pensando agora e está estudando, arruma uma forma de controlar isso, não deixa isso te controlar, seja ir para psicólogos ou descobrir coisas em você que ajudam a te acalmar. Quanto mais você conseguir controlar isso, mais você vai crescer na área e curiosamente você cresce mais rápido dessa forma, é muito doido, porque eu tive alunos que queriam fazer 50 cursos ao mesmo tempo, ler todo os livros possíveis e eles queriam daqui a 3 meses, ser sênior como você falou. 

Lógico que essas pessoas não conseguiram, algumas perceberam tempos depois que não ia dar certo, outras pessoas que desde o início, “eu estou com calma, vou fazer isso aqui primeiro, você falou para eu ler esse livro e eu estou lendo esse livro, depois eu vejo outro”. 

O tempo passa e você vê essa pessoa 3 anos depois, a pessoa está bem, às vezes essa pessoa virou sênior porque o mercado está bem acelerado. Eu diria isso, tenta controlar ao máximo esse comichão que dá aí com a ansiedade de devorar tudo, é impossível, cara. Nem quem tem 10, 15, 20 anos de carreira consegue devorar tudo, vai com calma, estuda ali que é primordial para o início, na minha opinião é um pouquinho do processo de Discovery, você tem a capacidade analítica de projeto, identificar ali problemas a serem resolvidos, você tem um pensamento mais sistêmico, quase que como o processo de pesquisa acadêmica mais ou menos, um processo mais metódico, científico, se você conseguir desenvolver isso no começo da sua carreira, com calma, aí você vai seguindo em frente e vai buscando outras coisas, por exemplo, agora vou estudar design system, tudo bem, não precisa ter pressa, vai dar tudo certo se você for nesse ritmo.

 A minha mensagem é essa, controla a sua ansiedade, vai estudando passo a passo que o mercado está sim bombando, está sim com muita vaga, está sim pagando muito bem, mas você tem que ir de uma forma bacana, suave, tranquila e a coisa ir evoluindo.

Essa ansiedade muitas vezes ela atrapalha. Eu tenho um método super incrível, eu leio quando eu acordo de manhã, eu acordo de manhã, tomo café e leio, porque eu sei que depois durante o dia eu não vou ler mais. Então, eu encontrei um espaço na minha vida, eu sei que se naquele horário, eu não fizer isso, eu vou conseguir fazer com profundidade. E é melhor fazer isso 15, 30 minutos e fazer bem feito, com calma, com paciência, degustando aquilo, eu não leio mais um livro com a pressa de terminar o livro, eu pago, eu circulo e aquilo vai me alimentando como pessoa, como profissional e eu tento trazer isso para outros colegas, profissionais também.

Foi bem legal o papo.

Felipe, a gente deixa seus contatos na descrição do áudio, na transcrição também, indicações de livros, cursos, que você tem, tudo na descrição e agradecemos muito seu tempo, sua paciência e ser essa pessoa maravilhosa que você é, nos ajudando a construir esse conteúdo. 

Felipe – Obrigado pelo espaço, sucesso para vocês. Espero que cada vez alcance mais pessoas e que a ente possa levar essa mensagem, quanto mais calma a pessoa tiver, mais ela vai evoluir, o que é muito doido, mas é muito verdade. 

Agradece e encerra