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TEMPORADA 2 - EPISÓDIO 2

Karina Tronkos

Temporada 2 Episódio 2 – Karina Tronkos
PROJETO: Desenhando Produtos
TRANSCRIÇÃO: Lady González

Karina Tronkos tem 24 anos, é estudante de Ciência da Computação na PUC-Rio e vencedora do Scholarship da Apple nos últimos 5 anos. Trabalha como Product Designer na Accenture e já trabalhou em empresas como Globosat, Globo.com e Hurb. Entusiasta e apaixonada por design e tecnologia, criou o Nina Talks para compartilhar essa jornada e tudo que a empolga e inspira nesse universo!

Livros

Introdução e boas práticas de UX Design – Fabrício Teixeira

O poder dos momentos – Chip e Dan Heath

Links

https://start.uxdesign.cc/

 
Hoje vamos conversar com ela, que é pentacampeã de muitas coisas, faz desafios incríveis, tem milhões de pessoas no Instagram, super famosa, super conhecida. Ela tem podcast, tem uma legião de fãs, Karina Tronkos, mais conhecida como Nina Talks. 
 
Karina – Fala galera, tudo bom? Nossa, vou pedir para ter essa abertura em todas as minhas apresentações, vou pegar e ao invés de me apresentar, vou colocar esse áudio.
 
Muito bom! Muito obrigado, a gente está muito feliz de ter você aqui. E para começar, nós gostaríamos que você contasse sua história. De onde você veio, como começou na área do design, tecnologia, como criou seu canal, como ficou famosa e tudo mais.
 
Karina – Do que vive, onde se alimenta, onde habita. Um pouco disso, né? Então. Meu interesse, minha paixão por tecnologia veio desde novinha, meu pai é formado em computação, então, ele fez ciências da computação. E a minha mãe, apesar de não estudar tecnologia, ela trabalhou na mesma empresa que meu pai, que foi a Digital, a Deck, uma das empresas pioneiras de computação no mundo. E desde novas, eu e minha irmã estivemos inseridas nesse universo, sempre usei muito computador, jogava vídeo game. Aqui em casa nunca teve muito essa separação do que é coisa de menino, isso é coisa de menina.
 
No colégio sempre fui apaixonada por aulas de artes, eram sempre minhas aulas preferidas. Quando eu fui escolher uma graduação, eu fiquei em dúvida se eu ia para o lado de computação, se eu queria ser uma programadora que sabe designer ou uma designer que sabe programar. Eu tive um pouco esse dilema no início. E eu acho que por conta de família acabei optando pela área de engenharia da computação, foi o curso que eu comecei na PUC do Rio.
 
Meu primeiro estágio foi num programa da Apple com Universidades do Brasil chamada Apple Developer Academy, que é um laboratório de inovação, é como se fosse um estágio, só que a gente tem aulas de desenvolvimento IOS, aulas de design, aulas de marketing, realmente foi o que mudou minha carreira por completo. E foi lá que eu conheci UX, não tem só aqui no Rio de Janeiro, tem em 10 lugares diferentes.
 
Tem em São Paulo, Manaus, Recife, Brasília, Porto Alegre, Fortaleza. Então, eu sempre falo para a galera pesquisar numa universidade perto, porque é super incrível o programa. E eu conheci o Universo de UX, não tinha passado na minha cabeça quem eram as pessoas responsáveis por design de produtos digitais, muito menos que era uma disciplina tão completa que fazia tantas coisas, que lidava com as pessoas e ao mesmo tempo sempre pensando em usar a tecnologia como meio para tornar essas ideias, realidade. Então, eu me apaixonei e comecei a estudar sobre. Eu não cheguei a fazer um curso em específico, as pessoas me perguntam muito, eu fui realmente consumindo conteúdo gratuito. Na época eu fui muito a eventos, procurei cursos gratuitos mesmo. E eu tinha abertura dentro desse programa da Apple de ir aplicando esses meus estudos nos meus projetos. Eu mesmo como desenvolvedora falava: “gente, posso conduzir uma entrevista, fazer um teste de usabilidade, montar um protótipo, alguma coisa”?
 
No meu grupo não tinha UX designer, tinham nos outros, posso meio que ser a designer do time, a galera falou: “só vai”. E aí eu fui construindo meu portfólio enquanto eu estava estagiando como desenvolvedora para me preparar meio que para essa migração. E meio que nesses 2 anos desse estágio, eu apliquei para um estágio em UX na Globosat, morrendo de medo de não passar porque eu não tinha design no meu currículo. Já tinha tentado aplicar para outras vagas de UX design, mas não conseguia nem me inscrever nas plataformas porque eu não tinha design na formação, tentava procurar computação, engenharia, não conseguia nem passar da primeira fase, mandava e-mail: “gente, não consigo nem me cadastrar na plataforma para a vaga de estágio”.
 
E eu me sentia um peixinho fora da água porque eu não conhecia pessoas na época, em 2016, que tinham trocado de área para UX, eu achava que eu que tinha errado na minha graduação. E da Globosat ter topado aceitar, quando me ligaram, eu chorei de emoção. Falei: “gente, meu deus do céu”! Eles falaram: “a gente gostou muito do seu perfil justamente por você ser de computação”. Foi um momento que eu parei de enxergar isso como algo ruim, mas talvez como algo positivo que agregasse para o time como um todo. Então, eu tive pessoas maravilhosas na Globosat, realmente foi uma escola para mim. Era um pouco estilo agência, a gente atendia a vários canais ali dentro, então, eu fazia coisas para o Multishow, para o Gloob, GNT, Globosat Play, Globoplay.
 
Eu pude trabalhar ali com um portfólio de produtos muito grande e para mim como primeiro contato foi ótimo porque eu estava fazendo um projeto para o Gloob que é um canal infantil, depois tocando um projeto para o Lollapalooza, foi demais! Eu fui efetivada e um tempo depois no movimento de Uma Só Globo, meu time inteiro foi transferido para Globo.com. E aí lá a pegada é diferente, de a gente ficar alocado numa área específica e cada pessoa caiu numa área diferente, eu caí em plataforma de vendas. Então, a gente ficava responsável pela experiência de checkout e toda gestão das assinaturas dos produtos Globo.
 
Então, era super legal porque tinha que ser um produto extremamente modular, porque ele tinha que servir para você comprar um Globoplay, um Telecine, para você comprar um Cartola, uma assinatura onde você paga uma vez só, etc. Eu ali eu trabalhei muito, aprender sobre fluxos e tudo mais, era um trabalho de UX extremamente denso, entender todos os casos, todas as pessoas que podem comprar, podem assinar, podem cancelar. E aí eu fiquei lá um tempo, conversei com meu gestor e falei que estava sentindo falta de trabalhar com produto final, estou numa plataforma e queria voltar a trabalhar com produto. Surgiu uma vaga no G1 e eu fiquei um tempo também lá no G1, era super legal, a gente tinha dois Squads, tinha de Web e de App. Eu fiquei no Squad de Web e trabalhar no maior portal de notícias do Brasil e coisas mínimas que eu fazia, eu pensava: “nossa, milhões de pessoas vão ver”.
 
E eu ainda entrei na época das eleições, então, a gente ainda trabalhou em cima dos componentes para as eleições. E aí surgiu a oportunidade de eu ir para o Hurb, isso em novembro do ano passado, para ser a designer responsável pela o aplicativo deles. E eu acabei ali topando o desafio justamente por ser algo mais Cross, porque no app eu cuido do que os outros times estão fazendo. Minha conta, pagamentos, Discovery, tudo, o que tem na aproximação Web e que os outros times estão fazendo tem que ter no App também. ao mesmo tempo que a gente não pode apenas replicar o que o Web está fazendo, a gente tem que inovar, explorar a natividade de alguma forma para o app também ter o seu diferencial, sua entrega. Então, esse foi como eu cheguei em UX como eu estou hoje e no meio surgiu Nina Talks, surgiu prêmios da Apple. Quando eu estava nesse laboratório, nesse estágio, eu descobri que eu podia participar da WW DC, Worldwide Developers Conference, que é a Conferência anual de desenvolvedores IOS que acontece todo ano na Califórnia, como estudante, eu podia aplicar para uma competição.
 
E aí eu tentei pela primeira vez em 2016, não passei, tentei de novo em 2017 e foi a primeira vez que eu ganhei a gente tem duas semanas para desenvolver um app por conta própria, tem que fazer toda parte de programação, toda parte de design. Foi ali também o momento que eu falei: “entender dos dois universos não é uma desvantagem e sim uma vantagem, eu consigo unir esses dois lados”. Eu acho que o grande diferencial dos meus projetos é realmente, pensar na experiência do usuário. Porque 99% das pessoas que aplicam são desenvolvedores e eles querem na maioria das vezes mostrar que eles sabem usar certa tecnologia e eu tento fazer o caminho reverso: qual a melhor experiência que eu consigo entregar e como uso a tecnologia para trazer minhas ideias à vida. Então, ganhei em 2017 e depois foi em 2018, 2019, 2020 e 2021.
 
E há 2 anos e meio atrás criei o Nina Talks porque eu sentia falta de duas coisas principais, eram pessoas no início da carreira e mulheres falando sobre tecnologia, sobre como estava sendo esse processo de crescimento de carreira e tudo mais. Quando eu senti falta disso, conversei com amigos meus e falei: “caramba, não tem”. E eles falaram: “por que você começa”? Mas eu? Eu não sei coisas o suficiente para começar a ensinar outras pessoas. E foi realmente um trabalho mental de alguns meses: “eu não preciso saber tudo para começar a ensinar e compartilhar o que eu estou vivendo de experiências”.
 
E eu comecei despretensiosamente como um hobby e tal, foi o que cresceu exponencialmente, chegamos aí a 95 mil pessoas e eu recebo mensagens diárias de pessoas que conseguiram oportunidades, conseguiram vagas, conseguiram bolsas de estudos na área de desenvolvimento e UX, acabo pegando esses dois guarda-chuvas e é o que realmente me move hoje em dia, sou apaixonada por isso. Falei bastante.
 
Mas a gente quer saber, a gente te chamou porque quer saber. Conta um pouco dessa história da premiação da Apple. É um concurso Apple, ele é um concurso mundial. E quando você fala que ganhou um prêmio, ganhou um prêmio sozinha, tinham mais pessoas, era um time, era um time multidisciplinar, tinham pessoas do Brasil, do mundo? Como era isso?
 
Karina – Então, a Apple escolhe 350 alunos do mundo e o prêmio é justamente a gente ir para a conferência na Califórnia, então, a gente passa uma semana inteira com tudo pago pela Apple para poder participar dos eventos de quem paga o ingresso, como eventos extras voltados para estudantes. Então, a conferência começa na segunda-feira, é de segunda à sexta.
 
No domingo para os estudantes tem vários eventos extras, a gente tem uma palestra meio exclusiva com o Tim Cook que é o CEO da Apple, a gente tem um horário só para conversar com engenheiros da Apple, tirar dúvidas de processos seletivos e tudo mais. Então, o prêmio justamente era de a gente ir para conferência e nos anos de 2020 e 2021 foi remoto e a gente recebeu uns prêmios na nossa casa, jaqueta, pins, gorro, cartinha, a gente ganha também 1 ano da conta de desenvolvedor, para colocar aplicativos na loja.
 
Mas nesses últimos 5 anos esses desafios foram individuais, a gente desenvolve esse aplicativo, zipa ele, cria-se um pacotinho e também se responde algumas perguntas. Na minha cabeça é 50% a 50%, o projeto se desenvolveu e o que você fala sobre ele, a gente explica o que a gente fez, quais tecnologias a gente usou, como a gente contribui para a comunidade de desenvolvimento como um todo. O que eu falo para as pessoas é: a Apple não vai apenas pegar os projetos mais mirabolantes tecnicamente, você tem que ir nas cartas contextualizar qual a sua relação com tecnologia, há quanto tempo você está programando, como você utiliza a tecnologia na sua vida e também para mudar a vida das pessoas.
 
Então, eu tenho um amigo que fez direito, ele era formado em direito, estava cursando design, segunda graduação dele, ele tinha aprendido a programar há 3 meses, ele aplicou e passou, mas porque ele contextualizou super bem, como que ele tinha caído ali em tecnologia. Mesmo sendo um projeto simples, ele soube comunicar isso super bem. Então, a Apple coloca lá quais são os pré-requisitos, colocam habilidades técnicas, mais inovação, criatividade e resposta das perguntas. Até a cartinha que está atrás, as pessoas vão conseguir ver na minha prateleira, eles falam: seu projeto traduz criatividade e inovação. Porque programação para eles é o mínimo possível, o que você faz com isso? O que você entrega de diferente? No meu caso, é a experiência do usuário.
 
Analisando, tem uma fórmula para as coisas darem certo. Assim como a gente sabe que, quando a gente erra, tem uma fórmula que conduz a gente para o erro. Espera aí, o que eu aprendi? O que eu posso fazer melhor da próxima vez? Mas se você fosse olhar para trás e fazer um retrospecto rápido disso, como você escolheu os temas? Tem uma fórmula? “Se eu colocar boa energia esse negócio tem chances de eu me dar bem e ser campeã nesse negócio”. 
 
Karina – O que eu busco me perguntar todo ano é de como eu vou me destacar em meio a milhares de submissões. É meio como corrigindo redação do Enem. O avaliador está olhando, passa a próxima, passa a próxima e como eu faço o olho deles brilharem de alguma forma? E aí como a gente tem isso, de trabalhar em cima de qualquer tema, o que é muito bom e muito difícil ao mesmo tempo, a gente quer escolher um tema melhor possível.
 
O que eu tento unir é algo que eu pessoalmente gosto muito e que eu sei que a Apple valoriza bastante como um tema também. Então, eu sempre trabalho numa big idea geral, em 2017 eu queria falar de saúde, meu subnicho foi falar sobre corpo humano para crianças. Em 2018 foi sobre acessibilidade e eu acabei falando sobre daltonismo, então, eu estou sempre parto de um macro.
 
No ano de 2020, ano de pandemia, eu pensei: muitas pessoas vão falar sobre pandemia, sobre saúde mental, etc, como eu consigo falar sobre união, colaboração de uma forma legal? Acabei fugindo totalmente e fiz sobe a estação espacial internacional puxando para o lado de ser um exemplo de um trabalho de várias nações de algo que a gente precisa fortemente hoje em dia. Então, como eu chamo a atenção de alguma forma? E abusar do storytelling, eu crio algum personagem que vai levando, vai conduzindo a avaliadora numa história, num tema não tão comum para quando ele terminar meu projeto, ele falar: aprendi alguma coisa. Nesse ano eu falei sobre biomimética, todo mundo fica assim: “gente, o que é isso”?
 
Bio de natureza e mimética de mimesis, basicamente o trem-bala é inspirado no bico de um pássaro para reduzir o atrito, gastar menos energia e tudo mais. São coisas do nosso dia-a-dia e que são inspiradas na natureza. Eu falei: eu quero que eu seja o assunto do jantar do avaliador. “Nossa, hoje eu vi um projeto lá e aprendi o que é biomimética”. Eu tento pensar nisso, eu quero que ele aprenda alguma coisa. Eu acho que no geral é isso, escolher temas muito legais e falar: quero conseguir me destacar com algo diferente.
 
E tem alguma preparação para o que você faz antes de começar? Algum macete?
 
Karina – Pior que não, os temas sempre surgem, caem no meu colo de alguma forma. Por exemplo, de biomimética eu gosto muito de ficar assistindo vídeos no YouTube e um canal que eu gosto muito é da Vox, eu estava pesquisando sobre um vídeo de design e tinha um vídeo de design inspirado na natureza, eu falei: “esse nome me chamou”.
 
Eu falei: “esse é um tema maravilhoso para um playground”. Eu segurei essa ideia por 1 ano, porque foi tipo assim, logo depois que eu tinha mandado, surgiu essa ideia, eu falei: “só tem ano que vem, pelo menos eu tenho tempo para pesquisar mais sobre o assunto”, eu acabei esquecendo. E quando estava perto, lembrei: “caramba, tenho que estudar muito sobre biomimética agora, vou ter que me virar”.
 
E eu tiro os primeiros duas das duas semanas para estudar muito sobre tema, definir, pegar trechos e tudo mais, eu vejo que no primeiro dia a galera: “tem que codar, meu deus do céu”! E eu falo: “vou definir tudo, com meu enredo, com meu storytelling”, eu já vou pensando tecnicamente como eu vou fazer, também não vou reinventar a roda, vou projetar coisas que eu sei que eu vou saber codar para eu não ter 850 bugs e eu surtar nessas duas semanas.
 
Então, eu vou no simples, mas meu lado é esse, o storytelling e tudo mais, esse ano é a Natu, a mãe natureza que está há bilhões de ano ensinando a gente, é realmente ela no quadro negro. “Gente, biomimética XYZ, vou te mostrar vários exemplos”. E ela vai contando, eu vou pegando exemplos que eu vi em vários vídeos, traduzir isso através de animações, histórias. E no final eu fui pesquisar sobre sustentabilidade e Apple, como vou amarrar isso com Apple? E eles tem uma página só de sustentabilidade, natureza.
 
E eles puxaram muito para o lado de economia circular, eu falei: “isso tem tudo a ver com biomimética”, vou amarrar e ainda vou falar sobre como Apple é preocupada com a questão dos aparelhos e tudo mais, de serem Carbon neutrality e tudo mais. E amarrei no final com a Apple, ainda botei uns easters eggs no final, então, são essas pequenas sacadinhas.
 
Qual é o desafio mais difícil que você já enfrentou?
 
Karina – Eu acho que meu maior inimigo, não é nem um desafio palpável, é o quanto eu não acredito no meu trabalho muitas vezes. Eu realmente, às vezes, sou muito impostora, de troca de emprego, por exemplo, para o Hurb, quando eles fizeram a proposta, eu tinha certeza que era muito mais eu que eu conseguia dar conta, eu chorei muito no colo dos meus pais. “Nossa, eu vou topar, mas se eu topar eu vou enganar todo mundo, as pessoas estão esperando de mim algo que eu não consigo entregar”.
 
Eu já deixei de aplicar para muitas coisas por conta dessa minha insegurança, então, não é nem montar ali, porque eu vou me virando, pesquisando, a gente vai aprendendo ali. Mas muitas vezes deixei de aplicar para as coisas porque eu achava que não era boa o suficiente. E hoje em dia eu fico: “não acredito que eu deixei de fazer isso”. De ter ganhado essa primeira premiação da Apple foi um estalo na minha cabeça: “para de achar que você não é boa o suficiente, o não você já tem”.
 
Então, esse é um dos meus maiores trabalhos no Nina Talks com relação a isso, de ajudar, de incentivar a galera a aplicar, participa de competição, aplica para a vaga, vê no que vai dar, vai que você passa primeiro e se não, analisa o que deu errado. Eu acho que a questão da visibilidade, isso também me deixa muito nervosa porque é muito legal, nossa vocês me chamaram para estar aqui hoje por conta do Nina Talks. Mas eu também fico: caraca, será que as pessoas esperam demais de mim por conta dessa visibilidade super grande e tal? É uma luta interna minha muito grande em relação a isso. Não é nem por mal.
 
E esse papo a gente está tendo justamente porque na temporada anterior você comentou e eu disse: ela achou legal o podcast, vamos chamar ela para falar também. São desafios que não só você, mas vários designers, várias pessoas estão enfrentando nesse momento. E se a gente fosse refletir sobre isso, o que você diria para quem está começando agora e acha que é muito difícil começar com design, seja porque não tem vaga para júnior, seja porque as pessoas pedem júnior com 5 anos de experiência. Como a pessoa faz para superar isso e iniciar na profissão?
 
Karina – Sempre quando a gente começa algo novo, sempre vai ser muito mais difícil do que quando a gente está praticando há um tempo. É como aprender um instrumento musical, você vai ler o teclado, vai apanhar muito de primeira, as próximas músicas que você for aprendendo, vai fluir muito mais fácil. Mas eu acho que o que assusta também na área de tecnologia, é que tudo é tecnologia, então, o tempo inteiro está mudando, as pessoas ficam com muito medo de ficarem atrasadas, elas vão começar a estudar algo e já vai ter naqueles dois meses evoluído 3 anos. A minha dica é você começar pequeno, não precisa virar uma chave, você se interessou por algum assunto vai pesquisando aos poucos e diversifica suas fontes. Vê vídeo, ouve podcast como esse daqui, lê um artigo, vai anotando suas dúvidas, vai consumindo aos poucos.
 
E você vai se sentindo mais preparado. Eu acho que o que fez uma grande diferença para mim foi eu me conectar com pessoas que estavam fazendo o mesmo, muitas vezes eu me sentia muito desmotivada, “caramba, vou migrar de área”. Está meio que dando certo aqui, mas estou sentindo essa faísca por essa outra área. Conversar com pessoas que estão passando pelo mesmo ou que já passaram por isso recentemente, o valor da comunidade como um todo. E isso que eu disse, de você começar pequeno é de você não se contentar com as primeiras definições. O que UX Designer? Você pesquisa, sai lá no Wikipédia, beleza, entendi. Não se contente com isso, pesquisa mais a fundo, tem muito conteúdo legal, mas não deixar te sobrecarregar. Por isso que eu falo de você anotar suas dúvidas, seus gaps, vai pesquisando.
 
Porque depois, por exemplo, você vai buscar um curso de formação, você tem até uma base muito melhor para avaliar uma ementa, ver o que você acha que tem mais dificuldade, o que precisa se aprofundar, então, o trabalho inicial de UX tem que ser você fazendo suas pesquisas iniciais sobre o tema e depois você pode realmente e acho que é muito legal, você recorrer a alguma ajuda, seja curso, mentoria. Mas eu acho que no geral é isso, não se deixar apavorar pela quantidade de coisas, buscar outras pessoas para te apoiarem e você fazer uma troca e não se contentar com definições mínimas sobre o assunto, sempre corre um pouquinho mais atrás, no início sempre vai ser um pouquinho mais difícil.
 
E teria algum curso que você recomendaria para quem está querendo começar ou migrar para a área? A gente sabe que hoje em dia curso é o que não falta.
 
Karina – Nossa, eu não consigo nem listar, não cabe nem nas minhas mãos a quantidade de cursos que tem. Então eu recebo muita pergunta: “Nina, qual o melhor curso de UX”? Eu falo: “o melhor curso de UX é o que funciona melhor para você, eu não sei exatamente seu background, o quanto de tempo você tem, sua rotina, a forma que funciona melhor para você, se prefere ao vivo, gravado, você quer ter mentoria com pessoas, quer um grupo de estudos”? Eu sempre falo: é você analisar a ementa.
 
Muita gente está vindo de design gráfico, pegar um curso com um foco muito grande em princípios de design, ela vai até se sentir desmotivada no início porque está partindo de um início que ela domina demais. Então, entender ementa, entender duração, o quanto você vai encaixar na sua rotina, se às vezes é um curso muito intenso, você não vai conseguir. Ou às vezes é uma pessoa que no momento está desempregada e ela quer um curso mais intenso, ela quer aula praticamente todos os dias da semana, ter o próprio ritmo.
 
E isso de entender os benefícios e diferenciais de cada um, cada pessoa prefere uma coisa diferente, é disso que eu disse de mentoria, análises de portfólio, etc. E o valor do investimento também que você pode pagar naquele momento, por exemplo, o curso mais caro vai ser o melhor. Não, é o que vai cumprir melhor todos os requisitos da sua rotina e o que você se identifica mais. Como colégio, é o aluno que vai fazer o curso, o resultado, ele tem que conseguir chegar até o final, desenvolver um case, conseguir trocar com as pessoas, aí sim aplicar para vagas. Então, falando por alto, escolas, tem a Mergo, Awari, Mentorama, Tera, How Bootcamps, UX Unicórnio.
 
Então, é olhar e ver o que mais faz sentido para cada um. E eu estou até conversando, vou dar spoiler, com a cacau, que ela é do Nubank, ela está sendo uma das pessoas que está construindo uma plataforma, já está aí há 6 meses, de avaliação de cursos de UX. Eu estava até conversando com ela hoje, de ajudar nessa divulgação, ela ficou super feliz, já estão tocando o projeto. Eu acho que vai ser muito bom ter um lugar consolidado com feedback de pessoas que já fizeram vários desses cursos para ajudar ali realmente, a ter insumos para a galera escolher, eu acho que não deve demorar muito para sair, mas fiquem de olho que eu vou ajudar a divulgar essa iniciativa que eu achei demais.
 
Tem muita gente que está começando na área e acha que por não ter faculdade não vai conseguir entrar no mercado e tal. E a gente sabe que hoje em dia não é bem assim, né? Por exemplo, quando eu comecei, não tinha faculdade. Mas fui me interessando, fui fazendo um curso e outro, fui me aperfeiçoando e acabei conseguindo entrar no mercado. Na sua opinião é muito importante ter faculdade?
 
Karina – Eu acho que principalmente na área de tecnologia é a área que as pessoas mais enxergam que faculdade não é pré-requisito para a pessoa poder entrar no mercado, eu acho que é a área que mais está mudando em relação a isso, ainda tem algumas empresas que eu vejo que tem isso, mas eu acho que é muito pouco. Ainda mais num mercado que está tão aquecido como o nosso, é o trabalho que você entrega que pesa muito mais, então, é de você correr atrás de cursos, construindo seu portfólio e seus cases, apresentar, conseguir mostrar a forma como você pensa para os avaliadores tem muito mais peso do que se eu fiz a faculdade X, Y ou Z. Eu acredito muito nesses cursos profissionalizantes e de que a gente corre atrás, tem muito conteúdo disponível hoje. O difícil é o filtrar, é saber por onde começar e qual caminho seguir. Para mim graduação não é impeditivo para você começar na área, você só vai ter que correr mais atrás porque na graduação tem ali o professor te entregando muito conteúdo que você tem que consumir. E nesse sentido você tem que ser 100% proativo e ir atrás dos seus estudos.
 
Josias – Eu acredito muito nisso, como um processo evolutivo. A educação é parte desse processo e é muito difícil a gente desassociar alguém que tem uma boa performance sem estar associada a uma boa educação, eu também acredito no que você falou: qual é o curso que faz mais sentido para mim, qual é o momento mais adequado para fazer determinado curso? Mas de fato, sem formação é muito difícil, grande parte do nosso trabalho como designer, como professor, é entregar para as pessoas o melhor conteúdo. Que conteúdo faz sentido para as pessoas? O mundo está muito cheio de informação. Você pesquisa na internet quantos cursos tem? Tem tantos. Eu pesquiso no mundo, tem em português, tem em inglês, tem em espanhol, diversos idiomas diferentes sobre design. Mas o fato é que quando a gente vai aplicar para uma vaga, tem uma relação muito próxima com outra pessoa que é a pessoa recrutadora.
 
E como você faz para demonstrar seu conhecimento? Que dica você daria para a pessoa mostrar seu conhecimento em design e de certa forma ter ou buscar um bom resultado?
 
Karina – A gente precisa de formação. A questão é que a formação tradicional não é o único caminho para a galera poder construir uma carreira, então, nessa questão de recrutamento, eu acho que são várias etapas que você tem contato com o recrutador. Primeiro você ter um LinkedIn muito bem estruturado com as coisas que você fez, com as coisas que você está estudando, porque realmente eles sempre vão procurar você no LinkedIn, se você puder ter um portfólio disponível também eu acho que seria super importante e de você alinhar esses pontos tanto no seu discurso como no case que você vai apresentar.
 
São pessoas aplicando para várias vagas, mas elas não sabem muito bem o que aquela vaga está pedindo, estuda sobre a empresa, entende melhor quais são os desafios, que você consegue também adaptar seu discurso e seu case, tudo o que você vai apresentar em contato com a empresa para eles perceberem conscientemente, “caramba, está dando um super match desse profissional com essa vaga”. Mas é tudo também muito bem pensado, não é mentir, é você adaptar baseando no que eles estão querendo.
 
Você tem todas aquelas habilidades, mas eles estão focando muito no A, como você dá um enfoque maior na usabilidade A? Eu sempre falo também de a galera estudar o case antes de apresentar porque a gente acha que sabe tudo e o recrutador vai fazer alguma pergunta sobre o nosso case, só que não está muito fresquinho na nossa mente, então, eu acho que você se dedicar em relação a todo o processo e a forma que você se comunica e que você quer se apresentar, eu acho que ali é o principal, muito mais do que a sua formação.
 
Só é lembrado quem é visto. Como você se mostra como bom profissional, de você enxergar o avaliador como se fosse o usuário do seu produto? Enxergue seu currículo como um produto e o cliente é o avaliador. Então, ele só vai recrutar psoas com quais ele vá entender qual é o processo, qual é o trabalho e tudo mais. A gente consegue aplicar os nossos pensamentos de UX em tantas coisas da nossa vida, a gente tem que fazer isso também com processos seletivos, como a gente entrega a melhor experiência possível para o recrutador, para o avaliador.
 
Legal. E o que você diria para as pessoas que não são tão jovens assim e estão querendo começar na carreira de UX?
 
Karina – Nossa, recebo demais essa pergunta. A minha maior dica é para buscar conversar com pessoas que fizeram o mesmo eu acho que esse é o principal, muito mais do que eu com 24 falando: “é super possível você migrar” e a pessoa tem 40, para ela é fácil dizer porque ela é super nova. Então, tem dois artigos que eu gosto muito, o primeiro é do Cleber Gossi, encontrei no Medium, que é “como migrei para o UX depois dos 48”.
 
 E depois eu procurei ele no LinkedIn, mandei mensagem bati um papo, ele é muito incrível e falou: “nossa, se alguém tiver qualquer dúvida pode falar comigo”, então, eu sempre indico o dele. E essa semana também um menino posto no LinkedIn agradecendo várias pessoas que conseguiram migrar para UX e ele migrou aos 38, então, ele fez um artigo no Medium também que é: “as loucas aventuras de um júnior aos 38”, que é do Rene Barbosa, eu acho que é super legal a galera que passou por isso tudo falando das experiências dele muito mais do que eu, tem vários artigos.
 
Eu acho que eu até fiz um post recentemente de migração de carreira em UX, eu botei lá: “galera depois dos 30, depois dos 35, depois dos 40, depois dos 50, sempre tem gente migrando” e eles são os melhores para poder falar sobre isso. Tem muita gente porque tem muita oportunidade e é uma área muito multidisciplinar. Então, pessoas vindas de outras áreas é algo que é muito rico.
 
Que conselhos você daria para quem está querendo se posicionar melhor, que está querendo começar agora, até essa galera mais velha que está querendo começar também, qual seria a dica de ouro?
 
Karina – Eu acho que é muito, por exemplo, pessoas que eles admiram, acompanham de alguma forma. A gente sempre tem alguém que a gente olha um pouco mais como espelho. Entender o que a gente acha incrível o que cada um faz de alguma forma, a forma com que fala, se expressa e a questão de ser visto, eu acho que é muito de entender como a forma que melhor funciona para si de compartilhar conteúdo.
 
Eu gosto de escrever, me entendo melhor com vídeo, prefiro gravar um podcast, prefiro às vezes dar mentoria para alguém, trocar uma ideia, fechar um grupo de estudos, clube do livro, alguma coisa. Então, de você pensar as formas com que hoje em dia você já troca com outras pessoas, mas como você demonstra que você faz isso, eu acho que é muito legal essa questão de se posicionar, compartilhar, tem formas, às vezes a gente nem pensa: isso aqui é super normal, converso com meus amigos toda sexta-feira no trabalho, isso é muito legal, faz a diferença e isso já te coloca um pouco mais a frente.
 
Eu sou apaixonada por personal branding como um todo, tem inclusive um livro que eu gosto muito que é o Personal Branding, do Arthur Bender e é exatamente sobre isso, fica aí mais uma dica de leitura do quanto é importante a gente se posicionar, se mostrar, não é para a gente ter vergonha do nosso trabalho, achar que a gente está se mostrando, é só realmente as pessoas saberem que a gente existe e o que a gente faz, sabe?
 
O Arthur Bender foi meu professor. 
 

Karina – Eu troco ideia com ele às vezes no Instagram, gente, ele é incrível!

Era muito legal a aula com ele, era muito divertido. Qual seu arquétipo de design? É mais research, mais writer?
 
Karina – Eu sou bem no meio mesmo, trabalhei sempre mais generalista de ponta a ponta, de tocando a pesquisa até fazer a interface, mas eu sou muito dos processos de UX mesmo, de ideação e tudo mais, é a parte que eu sou mais apaixonada, a meiuca mesmo.
 
Você chegou a concluir ciência da computação?
 
Karina – Vou me formar no final desse ano graças ao bom deus. Entreguei a primeira parte do TCC, agora tem a segunda parte do TCC, só Jesus.
 
E como a ciência da computação te ajuda a ser uma designer melhor?
 
Karina – Então, eu acho que o principal é comunicação com o time de desenvolvimento, ninguém pode me enrolar, entendeu? Ninguém pode falar que não dá para fazer. Mas eu acho que o principal é estabelecer essa comunicação muito mais fluida, de entender mais tecnicamente como as coisas são feitas. E também de projetar coisas mais viáveis tecnicamente porque eu já sei um pouco mais. Agora eu estou trabalhando com time de App.
 
Em relação ao IOS eu sei muito mais como as coisas funcionam e eu acho que isso ajuda demais. Quando as pessoas falam que um designer precisa saber programar, para mim não é um pré-requisito, é o meu diferencial, eu falo do profissional em T, que a gente tem a nossa perninha que a gente é mais especialista e as nossas outras áreas que temos conhecimento mais amplo, que é a partezinha de cima do T. Programação é a minha, mas não precisa ser de todo mundo. Mas a gente sempre buscar encontrar um meio termo entre o designer e o programador, eu acho que é uma via de mão dupla total.
 
O designer se interessa mais pelo que o programador está fazendo, entender quais são as tecnologias e o que é, como vai ser feito. E também um programador se interessar um pouco mais sobre a parte de design, etc, quais foram as decisões para eles falarem: “caramba, está trocando esse botão de novo”. “A gente vai trocar o botão por causa de X,Y,Z, a gene descobriu a coisa tal”. A comunicação é essencial, então, no meu caso é só a partezinha do meu T que acaba fazendo diferença e eu acabo tocando projetos meus, às vezes consigo colocar a mãozinha ali e desenvolver minhas coisas.
 
E quando a gente fala de diversidades nos times, que é um assunto que muitas empresas colocam no seu código de cultura, como é ser mulher na área de tecnologia?
 
Karina – É enfrentar muitas barreiras ao longo de vários momentos da carreira. Então, eu tive muita sorte de trabalhar com times que eram muito diversos, eu nunca fui, por exemplo, a única mulher do time, meu time do G1 tinha mais mulher do que homem na questão gênero, a questão é que a gente precisa de diversidades em todos os graus possíveis, não é só na questão de gênero. Mas é muito difícil na questão principalmente de a gente se posicionar em reuniões, muitas vezes eu já entrei em reuniões em que eu era a única mulher e que eu era a menina novinha, que é muito difícil me fazer ouvida de alguma forma, de que a gente também é taxada: “maluca, está querendo aparecer”. E muito a questão de assédio, isso é muito complicado, principalmente assédio velado no formato de elogio, isso acontece demais e é muito difícil de a gente se posicionar.
 
Uma vez eu cheguei no trabalho e o cara chegou: “nossa, bom dia”. Ele ajoelhou e beijou a minha mão. E eu olhei para o segurança, o segurança olhou para mim, eu não sabia o que fazer, eu só fiquei parada. Acontecem umas coisas que eu falo: “gente, não era para acontecer”, nem consegui me posicionar e se eu falasse alguma coisa, “só estou elogiando, sendo gente boa”. Tem muitas situações que são complicadas, que eu falo: “se fosse ao contrário isso nunca aconteceria”. Enfim, poderia ficar listando infinitamente coisas que acontecem, mas eu acho que machismo é muito complicado, mas a gente está caminhando para um lugar super bom.
 
Eu acredito que as mulheres que vieram antes da gente tiveram que passar por diversas coisas e hoje em dia tornaram possível de a gente estar aqui hoje estudando, trabalhando, eu sinto que a gente está pavimentando um caminho para tornar muito mais fácil para as mulheres que vão vir depois, para elas não terem que se provar antes de apresentarem o trabalho delas, que elas possam simplesmente mostrar e fazer o trabalho delas, não “caramba, vou ter que me posicionar do jeito tal para eu conseguir ser ouvida naquela reunião, vou ter que às vezes até fingir uma pessoa que eu não sou para eu conseguir parecer, ser notada e ter meu trabalho reconhecido de alguma forma”. E eu acho que ajudar as mulheres a ganharem uma confiança muito grande porque muitas nem aplicam para nada, não aplica para vaga, não aplica para curso.
 
Então, de a gente ajudar a resgatar essa confiança nas mulheres, que elas não precisam cumprir todos os pré-requisitos para aplicar para uma vaga e de a gente cada vez mais ter empresas que não passam apenas no código de conduta, mas que as pessoas vivenciam isso e que todas essas ações são realmente punidas de algum forma e que as pessoas criam um ambiente seguro para as outras. Então, dei mil voltas na minha cabeça, fui lembrando várias coisas, mas eu acho que no geral é assim, se é complicado, mas é para a gente ter um caminho melhor na frente, sabe?
 
E hoje você está bem conhecida, porque você aparece na mídia, revista te chama para dar entrevista, tem muitos seguidores. Ficar famosa ajuda ou atrapalha?
 
Karina – Bom ponto. Eu sou uma pessoa extremamente positiva, eu conheci tantas pessoas que eu admiro, pude bater papo, pude atingir muita gente que estava querendo entrar para a área de UX e conseguiu. Nesse sentido a visibilidade é muito boa. Nem me imagino mais sem o Nina Talks. Eu falo: “caramba, como eu consegui guardar tanto conteúdo que eu gosto de estudar só para mim? Como eu não compartilhava isso com outras pessoas? Até a minha cabeça já funciona, eu vejo uma coisa e falo: “como isso pode virar conteúdo de alguma forma? Como eu consigo explicar para a galera como isso foi feito e que existem pessoas por trás, e que elas podem trabalhar com isso de alguma forma”?
 
Mas eu acho que o lado negativo realmente eu acho que é a sobrecarga. Eu sou uma pessoa está que está muito cansada há muito tempo, porque eu acabo tendo dois trabalhos por estar produzindo conteúdo e estar sempre presente nas mídias, etc. O medo também, às vezes de falar besteira de alguma forma, eu busco tomar muito cuidado em relação às coisas que eu falo para eu ter certeza, porque é a carreira ali realmente das pessoas, é isso no final das contas, eu acho que é uma forma de a gente se posicionar também, que eu não sou a detentora de todo conteúdo, de todo conhecimento do mundo. E as pessoas perguntam se eu tenho haters, no caso eu ainda não descobri não. Já recebi alguns comentários meio nada a ver, já recebi alguns homens que duvidam da minha capacidade, eles chegam: “você sabe programar mesmo? Tem certeza”? Eu nem respondo. Não vou gastar meu tempo, minha energia com esse tipo de pessoa porque não vale a pena.
 
Mas para mim tem mais coisa positiva do que negativa, eu acho que é algo super legal. Nunca imaginei na minha vida ficar famosa, eu acho que vai ser muito engraçado ir para um evento de UX quando a vida voltar ao normal, porque eu não me sinto famosa quando as pessoas perguntam. Porque eu ganhei muita visibilidade estando em casa na quarentena, nunca vivenciei de as pessoas me encontrarem num evento e falarem: “posso tirar uma foto com você”? Recebi mensagem: “quero tirar foto com você”. Quando acontecer, eu vou ficar: “gente, o que está acontecendo”? Eu acho que não chegou à fama no universo de UX na vida real, porque não pude vivenciar isso ainda.
 
Mas logo os eventos vão voltar, está todo mundo se vacinando.
 
Karina – Se deus quiser. Quero UXConf, quero Interaction Latin America.
 
O que a gente deveria ter te perguntado e a gente não perguntou?
 
Karina – Minha comida preferida é risoto e eu fiz balé durante 15 anos. Mas relacionado a trabalho, eu acho que falei tudo. De vida não sei.
 
Por que você parou de fazer balé?
 
Karina – Uma das minhas maiores dores, quando eu entrei na Globosat, o estágio virou de 6 horas, com a faculdade e o estágio de 6 horas, não conseguia chegar na aula de balé. Estou há 4 anos parada, mas vou fazer uma aula experimental daqui a duas semanas, eu combinei com a escola de dança, agora que eu estou há mais tempo em casa, eu acho que eu consigo voltar a fazer balé. Eu estou animadíssima. Vou ficar sem andar por uns três dias? Com certeza, mas quero voltar a fazer isso, me faz tão bem dançar.
 
Que influenciadores de podcasts ou canais de YouTube você gostaria de recomendar?
 
Karina – Gosto muito do FEUX no Instagram, ele é ótimo. Ele é brasileiro, mas mora na Finlândia. Até seguindo o lado da galera que mora fora, tem a Ágata que é a Ayama Desing, ela trabalha em Londres, são duas referências de brasileiros na gringa. Gosto muito da Karen Santos, maravilhosa, já gravou com vocês também, ela tem UX Para Minas Pretas, indico demais. Da parte de research tem a Sheylla Lima, ela tem dado dicas sensacionais de UX Writing. Sou apaixonada pela Cris Luckner, ela também é do Nubank, tem trazido conteúdo, ela fala bastante da comunidade de UX Writing que está crescendo cada vez mais. De YouTube não posso deixar falar do Daniel da UX Now, ele é incrível, tem o UX Lab também. E eu gosto muito de assistir NN Group, que os vídeos são todos em inglês, mas são pílulas de conteúdo sobre conteúdos de UX incríveis, vale a pena dar uma olhada no canal no YouTube e nos artigos deles. Eu acho que é isso, segue o Nina Talks no Instagram também.
 
Mais informações, dicas, links, canais da Nina, mídia, tudo aqui na descrição, todas as indicações da Nina. Últimas palavras antes de a gente encerrar, Nina.
 
Karina – Quero agradecer pelo convite, foi super gostoso o bate-papo. Gente, não deixem de correr atrás dos seus sonhos, parece uma vibe muito motivacional, é motivacional, é importante também, tem muita oportunidade legal no universo de tecnologia. Se você está querendo ir para esse universo só venha, também me coloco 100% à disposição para trocar uma ideia, tirar qualquer dúvidas podem me mandar mensagem lá no Nina Talks, eu vou amar. E uma frase que eu gosto muito é: “você não precisa ser ótimo para começar, mas para ser ótimo você precisa começar”. Tem super a ver com vários temas que a gente falou aqui, todo mundo começa do zero em algum momento e agora pode ser o seu momento também.
 
Muito obrigado.
 
Valeu Nina! 
 
Agradece e encerra.