TEMPORADA 3 - EPISÓDIO 3
Rick Freitas
Temporada 3 Episódio 2 – Rick Freitas
PROJETO: Desenhando Produtos
Designer, com 11 anos de experiência, atualmente morando em Dubai/UAE. Trabalha como Senior Product Designer e atua também como consultor e mentor, atendendo a grandes marcas em diversos mercados, sendo responsável pela condução de projetos de estratégia e desenvolvimento de produtos digitais e serviços. Especializado em gestão estratégica de negócios pela FIAP/SP.
Está começando mais um Desenhando Produtos e Construindo Histórias. Eu sou o Josias Oliveira e estou aqui para falar hoje com ele que já passou por uma das maiores empresas do mundo, de consultoria em tecnologia. Se mudou para trabalhar em outro país, faz o que gosta, trabalha com o que gosta, com o que a gente gosta de fazer, que é design, trabalhar com produtos. E é uma das referências hoje no mercado nacional e também no mundo sobre design. Ele, Ricardo de Freitas Lima, mais conhecido como Rick Freitas. Seja muito bem-vindo.
Rick – Obrigado, Josias. É um prazer enorme, agradeço muito pelo convite, estou bastante feliz de participar e falar sobre o que a gente gosta. Você citou muito bem, falar sobre design é uma coisa que faz parte, desde muito tempo na minha vida. Eu não consigo separar, a gente sempre está falando sobre isso, e construindo histórias também, gostei do tema.
Então a gente começa exatamente por esse ponto. A gente quer saber a sua história, que você conte um pouquinho da sua história, que é super interessante.
Rick – Não sei por onde começar. Eu posso pegar um gancho na minha história profissional, que eu acho que teve uma mudança interessante, no ponto de vista profissional mesmo, que acabou impactando na minha vida como um todo. Algumas pessoas não sabem, mas eu precisei trabalhar muito cedo, eu comecei a trabalhar como empacotador de supermercado quando eu tinha 12 anos de idade. Eu queria ter uma independência, queria ter o meu dinheiro e eu falei para a minha mãe: “Olha, eu vou trabalhar ali no supermercado. Já falei com o gerente, o cara falou para eu começar amanhã”. Era um trabalho de domingo a domingo, eu trabalhava 6 horas por dia. Eu lembro que na época… agora para fazer a conta não vem de cabeça, mas eu tinha 12 anos e era R$ 60 por mês que eu ganhava. Só de caixinha eu ganhava o triplo, então eu ganhava muito mais de caixinha, aquelas caixinhas que o pessoal dá para o empacotador no final. Só que eu gastava tudo. A ideia era ter uma independência financeira, mas eu gastava, comprava Danone, biscoito, aquelas coisas que criança e adolescente gosta de comer, jogava fliperama e tal. Depois eu fui trabalhar como office-boy. Tinha uma coisa ali na zona sul que era muito comum, na zona sul de São Paulo, que era entregar folhetim de dentista. Então, se tinha um dentista, ele tinha um papelzinho ali, aquele papel jornal, e eu ficava parado ali entregando para as pessoas que iam passando. Às vezes, eu jogava a metade no bueiro para me liberar mais rápido e tal, aquela coisa de criança. Depois fui vender caneta no ônibus, aquela coisa assim: “Senhores passageiros, eu estou aqui…”, porque na época eu trabalhava para uma instituição, uma ONG que cuidava de pessoas dependentes químicas, e a ONG dependia, basicamente, era ligada à igreja, dependia basicamente de doações, e eu ia, comprava na 25 ali as canetinhas, saía vendendo e tal. Depois fui trabalhar de office-boy. Aí fiz um curso numa instituição que era patrocinada pelo Rotary Club de São Paulo, que se chamava Camp, onde tinha reforço de matemática, tinha noções de administração e tal, e eles no final encaminhavam aquele adolescente para uma empresa. Aí eu comecei a trabalhar no Center Castilho, enfim, eu fui trabalhando, fazendo o que aparecia. Depois eu fiz um cursinho de controladoria no Senai, onde eu aprendi um pouco mais de contabilidade. Para você ter ideia, eu não sei nada de números, mas eu trabalhava com razonetes, balancetes, essas coisas. O que me proporcionou uma promoção dentro dessa área. Aí eu fui fazer, depois de um tempo, faculdade de administração, comecei a trabalhar na parte administrativa mesmo e prestei um concurso público, trabalhei para o Hospital das Clínicas por 5 anos da minha vida. Então, foi um período ali que eu trabalhava como oficial administrativo para o hospital. Coincidiu, óbvio, eu não estava feliz naquela época com a área administrativa, não era o que eu queria fazer, eu sempre fui muito ligado à comunicação, sempre gostei muito de publicidade. Na época, a faculdade de publicidade não era barata, não era acessível, e eu não poderia fazer aquela faculdade. Quando foi lá para 2008, por ali, teve o Prouni, eu me inscrevi no Prouni, fiz o Enem, tirei uma nota razoavelmente boa no Enem, e com o Prouni me permitiu escolher uma faculdade que eu jamais imaginaria fazer, que era o Senac. E aí eu comecei a fazer o curso de design no Senac, na época era design de interface digital no Senac, e continuei trabalhando no hospital. No primeiro ano eu trabalhava no hospital ainda, e revezava ali os meus estudos dentro da área de design. Até que chegou um momento que eu falei: “Puxa”, eu via a qualidade dos meus colegas do Senac, que era um pessoal que já tinha feito ali aqueles cursinhos de web designer, etc., então o pessoal manjava muito de Photoshop, Illustrator e tal, e eu via que eu estava ficando para trás. Eu pensei assim: “Pô, se eu quero trabalhar com isso, eu preciso tomar uma decisão, fazer um movimento aqui”, aí eu pedi as contas do hospital na época, que foi um marco ali na minha vida, foi uma mudança. Todas as pessoas do hospital falaram: “Meu, você é louco, você está largando um emprego estável, aquela estabilidade de funcionário público, enfim. Você está abrindo mão de um concurso para ser estagiário de design”. E foi isso, eu tomei essa decisão, tive todo o apoio da minha mãe, ela falou: “Eu acredito em você, acredito que você tem que buscar o que você quer fazer”. E fui fazer estágio, eu comecei numa agência pequenininha, que era de um programador, um cara muito bom de programação, mas ele queria começar a vender web site, e não tinha, ele não sabia exatamente ali a parte de design, e eu estava aprendendo também, não sabia muito bem, então eu comecei a estudar. Eu fazia faculdade, trabalhava nessa pequena agência e passava virando a noite estudando, fazendo tutorial de Photoshop, tutorial de Illustrator. Aí fiz um cursinho de Flash na época, não sei se você lembra do Flash…
O Flash pagou muito as minhas contas.
Rick – De muita gente. Você ficava fazendo actionscript. No começo, eu comecei fazendo a bolinha pingar, que futuramente ia ser um banner ali. Se lembra daquela poluição visual que tinha? Aí apliquei um pouquinho de actionscript na época, comecei a fazer algumas coisinhas nessa agência, começou a despertar. Aí foi um start, foi quando eu vesti a camisa ali de designer e falei: “Puts, eu mudei de área”, eu saí da área de administração e agora posso ter um potencial para isso. Por que eu falo que isso tem muito a ver com a minha história de vida? Porque as decisões que eu tomei, inclusive essa de mudar de país, de trabalhar em outros lugares, de mudar de empresa, trabalhar com consultoria, foram decisões que começaram a partir do trabalho, mas tiveram um impacto na minha vida, do ponto de vista de escolhas. Então, hoje eu olho para trás e falo: “Puts, se eu tivesse trabalhando no hospital até hoje…”, sem demérito, Josias, eu não estou fazendo nenhum tipo de crítica às pessoas que escolheram ficar, mas para mim não servia, para o que eu gostaria para a minha vida, não servia. Eu não estaria morando em outro país, eu não teria a oportunidade de ter participado de diversos projetos incríveis, relevantes, eu não teria tido essa oportunidade. Então, eu acho que essa coisa do design, meio que se mistura com a minha vida. Eu tive um tempo em que eu resolvi empreender… Se eu tiver falando demais, você me corta. Eu tive um tempo que eu decidi empreender, eu tive uma ideia de uma startup e eu tinha conhecido um pessoal que já estava nesse ambiente de startup na época, o grupo Telefônica, que era Telefônica na época, antes de ser a Vivo agora, eles criaram o Hub, antes do cubo do Itaú e tal, eles tinham o Hub que se chamava Área Brasil. Aí eu comecei a me envolver naquele ambiente, com diversas startups, diversas ideias acontecendo. Eu tive uma ideia e reuni um grupo de pessoas, que eram sócias da empresa de tecnologia que eu trabalhava na época como designer, e eles compraram a minha ideia, a gente montou essa startup, foi uma escola. Óbvio que não deu certo, eu não tinha experiência nenhuma com empreender, eu sempre fui ali trabalhando em empresas, mas foi um aprendizado enorme, eu tive a possibilidade de aumentar incrivelmente o network, porque eu acho que é a relação com pessoas que faz a gente crescer. E crescer, eu não falo só financeiramente, mas faz você crescer como pessoa, você frequentar lugares que você imaginava que não iria frequentar. Então eu apostei tudo nessa startup, eu tirei o dinheiro que eu tinha guardado para investir, e quando não rolou, acabou virando um prejuízo. Tudo isso para dizer que realmente a parte profissional é meio que integrada na minha vida, entende? Então, a minha vida é muito louca, agora eu estou pisando um pouco mais no freio, enfim. Eu casei, então a gente está planejando ter filho, então eu estou tentando conseguir balancear um pouco mais, mas eu acho que essa área do design, trabalhar com produtos e serviços digitais, com o ambiente digital, meio que me moldou um pouco como pessoa também.
Hoje você está numa empresa de Dubai?
Rick – É uma empresa de New State, do mercado imobiliário aqui de Dubai, empresa maior e mais conhecida. Começou como uma revista que publicava properties, que são os imóveis disponíveis aqui, fazia publicação de algumas imobiliárias e tal, aí essa empresa virou um portal gigante que faz advertising para essas empresas de imobiliária, e que vira referência para quem vem morar em Dubai e quer um empreendimento. Depois de ter passado muito tempo trabalhando em consultoria, eu entendi que era o momento de eu voltar para a empresa de um produto ou de um serviço. Embora, em consultoria você também trabalha com produtos e serviços, mas fica uma camada um pouco mais ali estratégica, pelo menos, as empresas que eu trabalhei de consultoria, as agências também, ou como consultoria independente, ficava numa parte mais estratégica e não tanto numa parte operacional, de execução, de botar aquele negócio no ar, acompanhar o desenvolvimento, etc. Então, eu voltei para o mundo de produto e tem sido bacana, eu tenho aprendido bastante também, principalmente sobre esse mercado.
Porque assim, o pessoal que não teve contato com o produto, às vezes, eu sinto que não conseguem ter a dimensão da prática do que é trabalhar com o produto, de fato, na mão. Ou seja, tem um produto debaixo do braço ali, tipo: “isso aqui é meu, se eu não fizer, ninguém vai fazer”, eu receberei os benefícios de construir algo que deu certo, e eu também vou ter o ônus de ter que arrumar alguma coisa que eu subi ali e que não deu certo, porque gerou um bug, que gerou um problema, que gerou uma experiência ruim para as pessoas. E tem algumas diferenças, quando a gente tem o contato mais próximo com o produto, tem algumas diferenças intrínsecas ao dia a dia de produto, que é você ir lá, acordar de manhã, começar a trabalhar, o produto tem um time, tem um grupo de pessoas que fazem um pedaço do produto ou um tema do produto. E quando você vai para uma consultoria? Você tem passagens pela Try Consultoria, em 2013, 2014. E você também foi designer na ThoughtWorks. Eu queria que você falasse um pouquinho dessas diferenças entre estar, por exemplo, dentro do Santander e ter o produto digital lá do Santander, e você, daqui a pouco, “agora eu sou consultor de novo”.
Rick – Cara, eu fiz isso intencionalmente. Quando eu entrei na Try, era um período que eu era mais cru assim, do ponto de vista de experiência com user experience, com arquitetura de informação, usabilidade, essas coisas, pesquisa e tal. Eu posso dizer que foi um lugar onde eu aprendi mais, eu aprendi na prática, eu aprendi vendo pessoas muito boas trabalhando ali. Eu fiz esse movimento intencional porque eu comecei, vamos dizer, em estúdio, agência, consultoria, etc., depois eu fui trabalhar no UOL, que era uma empresa de produto, uma empresa de mídia, uma empresa que tinha produtos, eu cuidava de produtos lá dentro. E eu comecei, era no início, eles estavam implantando o agile lá dentro, então estava começando a quebrar, de sair do waterfall um pouco e entrar em grupos, em squads mesmo para trabalhar, foi aonde eu tive um contato com esse meio. Aí eu cansei, eu falei: “Cara”… enfim, eu já tinha ido para o Santander, eu falei: “Puts, eu acho que eu agora, tecnicamente, eu aprendi muita coisa que eu gostaria de aprender, eu gostaria de desenvolver um pouco o aspecto soft skills, e skills de consultoria mesmo”, enfim, eu olhava aquelas pessoas que iam no banco para fazer consultoria, vendiam um projeto para o banco e fazia a consultoria lá, eu falava: “Puts, essa habilidade que essa pessoa tem de negociação, de convencimento, persuasão, gestão de projeto ou visão estratégica, eu não tenho, eu quero desenvolver isso”, aí eu fiz esse movimento para trabalhar em consultoria, porque era uma oportunidade de com um pouco mais de aprendizado, do que o aprendizado focado em design, técnico em design, entendeu? Então, teriam coisas que agregariam para mim, como, por exemplo, negociação, conversar com pessoas, saber ouvir, saber entender, saber remediar alguma situação, gerenciar crise, tudo isso dentro de trabalho, para mim, na época era muito importante, porque eu não queria me ver como um designer que entendia muito tecnicamente do que estava fazendo, mas não sabia defender uma ideia, por exemplo, ou vender uma ideia.
E o dia a dia de consultoria? Como você vê ou via o dia a dia de uma pessoa que é consultora? O que muda? Porque para mim, quando eu entrei na ThoughtWorks, por mais que eu tivesse na empresa de consultoria há 10 anos atrás, foi completamente diferente, o estágio de maturidade do mercado é diferente, os conceitos de trabalho dentro do ambiente ágil são diferentes, tem uma série de coisas que as pessoas já conhecem, que a gente já consegue trabalhar com um protocolo de linguagem quase que comum, assim, “vamos sair do waterfall, vamos trabalhar em conjunto, vamos colocar todo mundo na mesma sala e trabalhar”. Por ter ficado um bom tempo trabalhando com produto, quando eu me vi como consultor, eu disse: “Peraí, tem uma chavinha que eu tenho que mudar agora”, do tipo: Como que eu lido com essas emoções que a gente tem ao longo do dia? Se posicionar na frente de um cliente? Então eu tive que reaprender uma série de coisas. Eu queria que você falasse um pouco como foi para você isso?
Rick – Para mim, no início foi um desastre, porque eu não sabia simplesmente lidar, então você tem alguns tipos de práticas do dia a dia, que elas excedem aquele natural que a gente tem como funcionário de uma empresa comum. A consultoria, se eu fosse exemplificar, criar uma analogia, eu diria que é um personagem, um teatro ali, você, querendo ou não, acaba vestindo uma roupa que muitas vezes é um comportamento moldado, vamos dizer. Então, a gente aprendia na consultoria, por exemplo, você vai ter reunião com o cliente, você tem que estar 10 minutos antes da reunião começar, não tem essa de chegar atrasado com o cliente, esse tipo de coisa. Você chegar atrasado na reunião, você como consultor, se ele precisar fazer uma crítica a algum tipo de coisa, tem todo um jeito de se falar, as palavras que você vai escolher para criticar, porque, às vezes, você como consultor, você está de fora, o bicho está pegando dentro da empresa, aí a parte executiva se chama consultoria, justamente para apagar a fogueira, justamente para ser aquele… tem uma empresa muito conhecida que quando eu estava na TW a gente foi para atender, e foi uma questão de aquisição, Josias. Então você sabe que quando um grupo compra o outro, você tem um grupo aqui que está trabalhando de um jeito, tem um tipo de pessoa, e você tem outro grupo que está ali de outro jeitinho, a primeira coisa que eu acho que vem na cabeça das pessoas, é o medo de falar: “Puts, e agora? Será que eu vou perder a minha posição aqui? Será que vai vir alguém que vai mandar todo mundo embora? Será que vai impor um jeito de trabalhar que eu não goste”? Então, essas duas empresas que foram compradas por um grupo maior, elas mesclaram, e a briga começava desde o executivo ali, vice-presidente com vice-presidente, brigando com o diretor, que aí vinha descendo para baixo. Esse estresse no primeiro dia de trabalho com a TW, eu senti o estresse que estava ali. Então, a gente não está falando mais sobre design, como fazer ou não, ou como a gente recomenda fazer, a gente está falando com um setor que não conversa com o outro, com colegas que precisariam colaborar entre eles ali, mas uma não vai olhar na cara do outro, tem histórico de problema, histórico de briga. Então, era um dia a dia muito mais de política, de unir as partes, de evitar falar alguma coisa que você ouviu para não gerar problemas, então tem que parar aquele filtro ali com você. Controlar a emoção quando você, de repente, ouve alguma coisa que você não gostaria ou que, de repente, você sente que é injusto. Então foi um desafio enorme. Por que eu falo que foi um desastre? Porque eu batia boca, eu não conseguia entender, até que lá dentro tinham algumas pessoas que foram me mentorando também, e dando alguns feedbacks, enfim, foram falando: “Aqui é a postura que a gente precisa ter como consultor, aqui é o tipo de negociação e persuasão que a gente precisa fazer”, porque muitas vezes o consultor é jogado na fogueira, principalmente em empresa grande. Você já ouviu esse papo de que: Puts, tem uma pessoa lá executiva, que ela está com problema e para não assumir o problema, contrata uma consultoria, para ter em quem colocar a culpa. Entendeu? Então, tem muito essa coisa de formatos de consultoria, tem a consultoria body shop, que é aquela consultoria que vai fazer o outsourcing mesmo, vai colocar pessoas alocadas em um cliente e deixar a pessoa largada lá. Tem as consultorias que são chamadas mais de boutique, o que eu acho que a TW se enquadra nisso, que ela vai vender talentos, ela vai vender um projeto com pessoas talentosas que vão alocar, então parece que o cliente tem um pouco mais de respeito por isso, o cliente está um pouco mais aberto a ouvir.
Muitas vezes, o meu trabalho era exatamente isso que você falou, era identificar a causa raiz de um conflito. E eu vi que a solução desse negócio é chamar essas pessoas para conversar. Tipo assim: Galera, vamos falar? Essa aqui é a pessoa, essa aqui é a pessoa, vamos conversar para a gente se entender? Para a gente chegar numa conclusão, para a gente poder sair do outro lado? E meio que apaziguar os ânimos, a gente não assumia aquilo como o lado emocional do negócio, de “agora eu vou comprar essa briga”, não, a gente quer resolver os conflitos, dirimir as controvérsias ali para a gente conseguir seguir adiante, para a gente conseguir entregar o que tem que ser feito e fazer o nosso trabalho e seguir. E, se possível, renovar o contrato, se possível, ano que vem de novo estar prestando aquela consultoria ali. Cara, eu queria mudar de assunto um pouco, em relação a uma coisa que para muitas pessoas que começam na área e, principalmente, quem trabalha em startup sabe que 40% do que a gente fala são termos em inglês. “Eu vou falar sobre o budget, vou te dar um feedback”, tem muito termo que a gente fala que são termos em inglês, que são o nosso dia a dia ali, e que as pessoas chegam numa startup e você quase precisa de um glossário para entender o que as pessoas estão falando, porque parece que está falando um outro idioma misturado com o português ali, porque não é nem o inglês, nem português, é o meio do caminho ali. Como foi para você aprender o inglês, ter que trabalhar em inglês? E se isso teve algum impacto na sua vida?
Rick – Eu acho que eu sou uma dessas pessoas que mistura. Até, desculpa, porque realmente tem palavras que eu acho que eu encontro o equivalente do que eu quero dizer em português, e aí o inglês fica mais fácil, ou tem coisas que é simplesmente costume mesmo, justamente por viver muito nesse ambiente de startup, de empresa, e pegar muita coisa de inglês e tal. Eu estudei inglês quando eu era mais novo, e eu era muito melhor naquela época, eu me comunicava com mais tranquilidade, depois que eu comecei a trabalhar na área, eu perdi um pouco a prática, principalmente de pronúncia, principalmente treinar ali para entender sotaques diferentes e jeitos diferentes de falar, expressões idiomáticas, essas coisas, eu perdi um pouco a prática disso, mas sempre estava fazendo uma aulinha ali para ajudar. Até que em alguns projetos que eu participei como consultor, eu tive que trabalhar em inglês, então foi aquela coisa, sabe assim, ser empurrado na piscina para aprender a nadar? E eu comecei a perder a vergonha, inclusive, do meu sotaque, inclusive, de não conseguir me expressar da forma que eu queria, a forma correta ali. Aí eu comecei a pegar o costume de conseguir me comunicar. Conseguir se comunicar, para mim é fazer a outra pessoa entender, você pode não estar falando, soando como nativo, mas você consegue se fazer entender. Para mim foi muito importante começar. Eu fiz um trabalho que eu tive que trabalhar com americanos, foi pela TW também, em Nova Iorque e com o pessoal de lá, era mais americano mesmo.
Era presencial?
Rick – Foi presencial um período, depois foi remoto. A TW tem muito isso, tem muito cliente estrangeiro, então era americano, mas era um jeito muito específico. Eu acho que enriqueceu mais, por exemplo, depois que eu vim para cá, onde eu tive que lidar com o inglês de pessoas do mundo inteiro, do Oriente Médio, pessoas da Ásia, pessoas da Europa, que cada lugar vai ter um jeito, um sotaque, enfim, uma forma de falar bastante diferente. Isso exigiu bastante que eu exercitasse realmente a compreensão. Aqui em Dubai eu já estou há 2 anos, então eu já me acostumei, porque há diversidade de pessoas, você está falando com pessoa que veio do Paquistão, você está falando com árabe, turco, libanês, ao mesmo tempo que você está falando com romeno, russo. Então lá na Property Finder a gente tem bastante essa diversidade. Indiano falando com britânico, alemão e tal. Eu que sou brasileiro, e algumas outras pessoas brasileiras. Então, tem essa mistura. Você tocou num ponto interessante, eu acho que durante um período foi muito questão de status, ou modinha, clichê, você usar termos em inglês, que ficou depois até meio cafona, é visível. Eu acho que tem essas duas partes, essa separação. Quando você está trabalhando muito em inglês, alguns termos mesmo: accountability, por exemplo, eu não consigo achar uma palavra equivalente para o que isso significa. Account before, que não é só ser responsável, também tem uma coisa de papel e tal, então eu consigo achar uma palavra equivalente em português. Então, às vezes, fica parecendo meio esnobe, mas eu acho que tem esses dois lados. Tem um lado assim: O inglês realmente cria termos. A gente pode criar termos em português, mas hoje a gente fala “deletar”, a gente fala coisas desse tipo, “printar”. Eu acho que, talvez, pelo o idioma ser usado mais na vanguarda, enfim, da área de tecnologia e de inovação, ele vai acabar criando alguns termos que vão ter que ser replicados em qualquer idioma que for, e a gente fica ali, de vez em quando vai usar neologismo e tal, mas a gente fica nessa dependência um pouco de falar. Então, para mim, eu comecei a me comunicar melhor em inglês quando eu comecei a não me importar mais se eu estava falando certo ou errado. Porque, querendo ou não, eu ouvi uma frase muito legal, que era uma placa nas Filipinas, em um restaurante, que ela dizia assim: “Você sabe falar filipino? Se não, não reclame do nosso inglês”. É aquela coisa, a pessoa escolheu trabalhar com um idioma que não é o nativo dela. O que é mais difícil? Eu não consigo me comunicar, raciocinar e falar tanto, falar bastante, do jeito que eu falo muito, em inglês da mesma forma, porque é uma virada de chave. Mas no momento que você consegue focar mais em aprender a se comunicar, fazer as pessoas entenderem e colocar de uma forma simples o que você deseja falar, para mim, pelo menos, foi uma grande virada.
Eu já escutei coisas do tipo “your broken english”, “o inglês está quebrado”. Mas o quanto a gente perder a vergonha para falar uma língua que não é a nativa nossa. Quantas pessoas têm duas línguas no mundo? Duas, três, quatro?
Rick – A maior parte das pessoas que são nativas em inglês não falam outro idioma. Isso é muito legal, porque eu não sei se foi em um filme que eu vi, alguma coisa assim, que era um chinês negociando e ele tinha uma intérprete, porque ali naquela mesa de reunião com os executivos, etc., e não abria mão de falar no idioma dele. Então, ele falava com as pessoas lá que estavam na reunião em chinês, ou mandarim, e isso é até uma tática que eles têm de manter o controle, porque quem tem o controle da comunicação determina ali como vai ser a conversa, como vai ser a negociação. E, obviamente, a pessoa que é nativa do inglês, não fala nenhum outro idioma, ela se sente meio insegura, porque ela fala assim: “Eu estou falando o inglês, a pessoa está me devolvendo em chinês e tem uma pessoa que traduz para ela, e uma pessoa que traduz para mim”, então quanto que se perde ali naquilo que está sendo dito? Perde os comentários paralelos, se perde tudo aquilo. Então, durante muito tempo, o idioma inglês é usado como uma ferramenta até de controle, de dominação. Quando você ouve alguém falando para você: “O seu inglês é broke”, é uma forma de se posicionar acima e, às vezes, até diminuir um pouco o seu conhecimento, o seu valor. Aqui, por exemplo, é uma coisa que eles usam muito como dominância, mas é importante contornar, é importante saber contornar isso.
Foi o design que te ajudou a ir morar fora do país?
Rick – Sem dúvida.
Qual foi o fator determinante para você dizer: “Vou morar em outro país”?
Rick – Eu já tinha esse sonho, esse desejo há bastante tempo. Eu tive uma oportunidade de fazer um mini mochilão ali, eu conheci 5 países e 8 cidades da Europa em 2014, e aquilo abriu a minha mente de uma forma, ter contato. Eu nunca tinha saído do Brasil na época, então eu falei: “Puts, que vida diferente da vida que eu vivo”. Eu sempre fui uma pessoa não muito conservadora, vamos dizer assim, eu sempre fiz mudanças bruscas e radicais na minha vida, então eu não tinha medo de mudança, eu sempre estava querendo buscar o novo, e a partir dessa viagem, eu conheci alguns lugares e fiquei encantado com aquilo. Dentro da área de design, como a nossa área se popularizou muito, a nossa área teve um crescimento muito grande, e com esse crescimento, oportunidades de trabalho em outros locais, eu resolvi abraçar essa oportunidade. Foi esse o fator determinante, foi falar assim: “É uma área conhecida, é uma área que tem demanda de profissionais e tem oportunidades. Então eu quero me jogar para isso”.
E foi tranquilo? Foi, tipo assim: “Vou ir, guardei uma boa grana, estou indo super seguro”? Ou foi assim: “Cara, eu vou, estou borrado de medo, estou louco de medo, estou morrendo de medo e vou mesmo assim”? Qual que foi?
Rick – Para mim foi o contrário de ser tranquilo. Tinha nada de grana guardada, inclusive, Dubai é uma cidade que você entra devendo na cidade, porque é o seguinte, você paga, por exemplo, o aluguel aqui, você paga o valor do ano inteiro antecipado. Então, no máximo, você vai dividir alguns cheques ali, 3 ou 4, mas você já está com essa dívida, porque se você precisa vir para cá, você precisa morar, e para morar você já tem que pagar. Pouquíssimas empresas oferecem a locação. Eu sempre fui muito de arriscar, e algumas vezes deram certo, outras nem tanto, mas eu sempre fui de arriscar. Então eu tinha na minha cabeça, “eu vou me jogar, se não der certo eu volto”, eu só não posso ser preso na cidade, de resto, eu vou fazer tudo, eu vou me reinventar, eu vou tentar tocar da melhor forma possível. Eu tive muita sorte, por eu ser uma pessoa que sou bastante apegado à minha espiritualidade, eu não tenho como não atribuir a Deus isso. Então, Deus me ajudou, Deus tomou conta de mim, mas para quem entende como sorte, eu posso dizer também que foi bastante sorte, porque eu batia cabeça com muita coisa, desde você entender como você vai fazer ali para alugar a sua casa, comprar as suas coisas, entender como lidar com a grana que você está recebendo, esse dinheiro, precisa guardar uma parte, não dá para gastar tudo, não dá para cair nos encantos da cidade. Lidar com toda a burocracia, que é visto, enfim, residência, toda a burocracia que nem sempre a gente tem alguém para contar, para pegar a gente na mão e falar: “Olha, vai por aqui, vai por ali”, acho que essa é a parte mais difícil, você meio que tem que se virar. Hoje eu posso dizer que, pelo menos, em relação a Dubai, eu consigo dominar burocraticamente as coisas, porque eu já me acostumei, eu tive que quebrar muito a cara, perguntar muita coisa, pedir ajuda, muita coisa deu certo, o que não deu certo eu tive que refazer. Agora eu estou um pouco mais familiarizado com isso. E acho que isso serve para qualquer outro lugar que você vá, se você não tiver uma assessoria, se você vai a trabalho, para uma empresa, tem empresas que vão te dar toda uma assessoria, enfim, recomendações e indicações e tal, outras empresas não. Então tem esse lado, do difícil e do fácil.
E você teve essa assessoria quando você foi?
Rick – Não. Eu tive um e-mail com uma orientação básica, mas era muito assim, se eu conseguir… a empresa pagou, na época era uma agência, quando eu vim para cá, a empresa pagou duas semanas de hotel ali e falou: “Bom, agora é com você”. Então eu tive que correr atrás. Até você entender preço de apartamento, localização, você abrir conta em banco, enfim, e começar já a fazer a conversão do dinheiro para saber quanto você precisa guardar, o que você tem que pagar, o que você não tem, o tipo de coisa que você tem que fazer, levou um tempo.
Porque, se não me engano, Dubai tem aquela lei, diferente do Brasil, que se você ficar devendo você pode ir preso, não é?
Rick – Exato.
Aqueles carrões abandonados. Meu Deus, como é que eles deixaram esses carros abandonados no saguão do aeroporto, no estacionamento do aeroporto? Está cheio de areia em cima. Porque é mais barato você pagar o carro, do que assumir a dívida.
Rick – Não só é mais barato, como é a solução, porque, senão, vai preso mesmo. Por exemplo, cheque sem fundo é uma coisa que não existe aqui, as pessoas pegam cheque como garantia de alguma coisa, porque sabe que se cair o cheque sem fundo, não tem essa, como a gente fazia no Brasil, que é: “Puts, deposita a segunda vez”, o cheque vai pelo motivo 11 ou 12, já depositado duas vezes. Então, quer dizer, você já deu primeiro o cheque sem fundo, o cara te dá uma colher de chá para cair a segunda vez, e aí tem gente que deixa o segundo cheque sem cair. Aqui na primeira, bateu o cheque, não tem dinheiro na conta, a polícia já é comunicada e você já fica ali na lista vermelha. Então não tem muito o que fazer. As leis do país são baseadas na lei islâmica, então, para eles realmente inadimplência, ficar devendo é uma coisa muito ruim. Esse caso das pessoas que abandonam os carros, são as pessoas que eu estava falando no início, que ficam encantadas com a cidade. Então, quando você chega aqui, você vai abrir uma conta no banco, eles vão te dar um limite ridículo de alto, é absurdo de alto, com uma taxa de juros baixíssima, extremamente baixa, é uma taxa de, sei lá, 1.69% ao ano para um empréstimo, para um cartão de crédito com limite super alto. Então, as pessoas acabam se empolgando, a pessoa vai comprar um carro de luxo, vai comprar uma BMW. O carro é mais barato aqui também, tem essa. O carro, o ponto de vista de valor, o custo, preço de venda é muito mais barato do que comprar no Brasil. Como funciona, mais ou menos, ali nos Estados Unidos, os carros são mais baratos lá, o valor do carro. São novos. As pessoas compram, de repente, perde o emprego, porque aqui também tem esse ponto da sazonalidade, é uma sazonalidade absurda. Então, se o negócio está indo mal, a empresa não vai pensar duas vezes em cortar um monte de gente, mandar embora. Quando teve a pandemia, a Emirates, que é a maior empresa daqui, mandou um monte de gente embora, depois da pandemia, eles foram recontratando. Mas essa pessoa que financiou um carro, financiou uma casa, ela fala assim: “Meu, ou é cadeia ou eu pego o primeiro avião sentido a minha cidade”, aí ela vai com o carro até o aeroporto e abandona o carro lá.
E isso que a gente tem no Brasil, de CLT, de FGTS, décimo terceiro, férias, que as pessoas dizem: “Nossa, as nossas garantias”, como é em Dubai? Você tem uma carteira de trabalho? É por contrato? Você é uma empresa prestando serviço? Como é a relação dessa prestação de serviço?
Rick – Josias, excelente pergunta. Posso te falar o meu pensamento hoje, que é um pouco polêmico? Eu não sei se é pelo fato de eu ter trabalhado como contractor, como consultor independente, freelancer, PJ, durante muito tempo, eu meio que me acostumei um pouco a ficar sem esses benefícios. Mas eu acho que isso é uma prisão tão grande para a gente, porque custa tão caro no Brasil. Com esse conjunto de leis que a gente tem, elas servem para proteger pessoas que tenham uma renda menor, pessoas que dependem daquilo, proteger de exploração de muitas empresas. Mas, por outro lado, o custo disso não é bom para ninguém, porque você paga muito para o governo, a empresa no caso, paga muito para o governo, para esses benefícios, muito mais, o dobro, e a pessoa que vai receber não recebe tudo aquilo que é de direito. Vamos colocar de exemplo o FGTS, por exemplo, você não põe a mão naquele dinheiro, aquele dinheiro não está investido, é uma cobrança compulsória. O quanto mais você não faria com aquele dinheiro se ele tivesse na sua mão? Então, aqui em Dubai já começa que é imposto zero, você não paga imposto de renda, você paga imposto que é 5% do VAT, que é sobre consumo, então tudo que você vai cobrar, você vai comprar um sorvete, uma Coca-Cola, você vai pagar 5% sobre o valor daquilo ali, e vem discriminado. De resto, você não paga imposto. Os juros bancários, como eu falei, são muito baixos, o que fomenta um pouco a economia, desse tipo de coisa. Você é um funcionário da empresa, então a empresa é o seu patrocinador aqui na cidade, então no meu RG daqui tem o nomezinho da empresa que está me patrocinando, se a empresa desligar o contrato comigo, eu perco o meu visto, a minha residência. Então está tudo vinculado com a empresa. A empresa, por lei, todas as empresas aqui em Dubai, por lei, ela precisa dar 30 dias de férias pago anualmente, precisa dar um ticket, uma passagem aérea de volta para a sua cidade. No meu caso, passagem aérea de ida e volta para São Paulo, anual. Tem empresa que pode optar por pagar isso em dinheiro, ou ela compra a passagem para você. E o seguro-saúde, que seria o convênio médico nosso, equivalente. Então, é isso que tem. Algumas empresas, para atrair mais profissionais, para se diferenciar, elas vão oferecer ali um bônus, participação nos lucros, algumas coisas, depende muito da empresa, mas basicamente, o que se tem de remuneração aqui e benefícios, é apenas isso. Se eu for fazer uma comparação com os pagamentos, os salários que pagam para pessoas no meu perfil no Brasil, o valor que eu recebo é muito superior e eu consigo fazer muito mais coisas com o meu dinheiro, porque eu não pago imposto, eu ganho mais, e eu consigo eu mesmo pagar pelos benefícios que, teoricamente, estaria preso dentro de uma CLT, alguma coisa assim. Então, eu hoje, dificilmente, voltaria a ser uma pessoa trabalhando com CLT. “Ah, mas vai pagar benefício”, tem que colocar no papel, mas eu desconfio que não é tão bem um benefício assim, nem para a empresa, nem para o funcionário.
Maravilha, Rick. Mais alguma coisa que você gostaria de dizer, uma mensagem, considerações finais?
Rick – Eu queria agradecer o convite, eu tenho acompanhado o Podcast, espero que tenha vida longa. Eu gosto muito da energia que vocês trazem, dos papos, enfim, espero ter podido contribuir um pouco, pelo menos, ter matado a curiosidade de alguém sobre algum aspecto aqui. Enfim, e agradecer a oportunidade mesmo, o convite. Mandar um abraço, estou com saudade do Brasil, fazem 2 anos que não vou ao Brasil.
Eu também, fazem 2 anos que eu não posso visitar alguém do lado de fora. Rick, muito bom poder falar contigo, foi um prazer enorme. Mais informações, vocês já sabem, tem na descrição do áudio desse Podcast. Todas as indicações que o Rick quiser colocar para vocês de livros, materiais, vídeos, está tudo aqui na descrição do Podcast. Foi um prazer, foi muito legal poder falar contigo.
Rick – Igualmente.
E para você que escutou até o final desse Podcast, você é uma pessoa linda, maravilhosa, que merece tudo de bom. Nos vemos no próximo episódio. Até mais.